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http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_OliveiraManuel de Oliveira
Manuel de Oliveira é originário de uma família de industriais abastados. O seu pai foi o primeiro fabricante de lâmpadas em Portugal. Maioritariamente educado num colégio de jesuítas na Galiza, viveu a adolescência sonhando tornar-se actor. Aos vinte anos ingressou na escola de actores do cineasta italiano radicado no Porto, Rino Lupo, um dos pioneiros do cinema portugues de ficção
Quando entretanto viu o documentário Berlim, Sinfonia de uma Cidade de Walther Ruttmann, decidiu fazer um filme desse género sobre a cidade do Porto, um documentário de curta metragem sobre a actividade fluvial no Rio Douro, na zona ribeirinha da sua cidade natal: Douro, Faina Fluvial (1931). Este filme seria o primeiro documentário entre várias primeiras obras que abordariam, de um ponto de vista etnográfico, o tema da vida marítima da costa de Portugal: o Douro (Oliveira), a Nazaré (Nazaré, Praia de Pescadores, Leitão de Barros), o Algarve (Almadraba Atuneira, António Campos), o Tejo (Avieiros, Ricardo Costa).
Adquiriu entretanto alguma formação técnica nos estúdios alemães da Kodak e, mantendo o gosto pela representação, participou como actor no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo. Só mais tarde, em 1942, se aventuraria na ficção como realizador: Aniki-Bobó, um retrato de infância ilustrado por crianças do Porto. O filme foi um fracasso comercial e só com o tempo iria dar que falar. Oliveira decidiu, talvez por isso, abandonar outros projectos de filmes e envolveu-se nos negócios das empresas da família. Não perdeu porém a paixão pelo cinema e em 1956 voltou, com O Pintor e a Cidade.
Em 1963, O Acto da Primavera marcou uma nova fase do seu percurso. Com este filme, praticamente ao mesmo tempo que António Campos, iniciou Oliveira em Portugal, a prática da antropologia visual no cinema. Prática essa que seria amplamente explorada por cineastas como João César Monteiro, na ficção, como António Reis, Ricardo Costa e Pedro Costa, no documentário. O Acto da Primavera e A Caça.são obras marcantes na carreira de Manoel de Oliveira. O primeiro filme é representativo enquanto incursão no documentário, trabalhado com técnicas de encenação, o segundo como ficção pura em que a encenação não se esquiva ao gosto do documentário.
A obra cinematográfica de Manoel de Oliveira, até então interrompida por pausas e desconsolos, só a partir da sua futura longa metragem (O Passado e o Presente - 1971) prosseguiria sem quebras nem sobressaltos, por uns trinta anos, até ao final do século. A teatralidade imanente de O Acto da Primavera, contaminando esta sua segunda ficção, afirmar-se-ia como estilo pessoal, como forma de expressão que Oliveira achou por bem explorar nos seus filmes seguintes, apoiado por reflecções teóricas de amigos e conhecidos comentadores.
A tetralogia dos amores frustrados seria o palco por excelência de toda essa longa experimentação. O palco seria o plateau, em que o filme falado, em «indizíveis» tiradas teatrais, se tornariam a alma de um cinema puro só por ter o teatro como referência, como origem e fundamento. Eram assim ditos os amores, ditos eram os seus motivos e ditos ficaram os argumentos de quem nisso viu toda a originalidade do mestre invicto: dito e escrito, com muito peso, sem nenhuma emoção, mas sempre com muito sentimento.
Manoel de Oliveira insiste em dizer que só cria filmes pelo gozo de os fazer, independente da reacção dos críticos. Apesar dos multiplos condecorações em festivais tais como o Festival de Cannes, Festival de Veneza, Festival de Montreal e outros bem conhecidos, leva uma vida retirada e longe das luzes da ribalta.
Filmografia
Longas-metragens
2007 - Cristovão Colombo – O Enigma
2006 - Belle Toujours
2005 - Espelho Mágico (filme)
2004 - O Quinto Império - Ontem Como Hoje
2003 - Um Filme Falado
2002 - O Princípio da Incerteza (filme)
2001 - Je Rentre à La Maison
2000 - Palavra e Utopia
1999 - A Carta (filme)
1998 - Inquietude
1997 - Viagem ao Princípio do Mundo
1996 - Party
1995 - O Convento
1993 - Vale Abraão
1992 - O Dia do Desespero
1991 - A Divina Comédia (filme)
1990 - Non, ou a Vâ Glória de Mandar
1988 - Os Canibais
1986 - Mon Cas
1985 - Le Soulier de Satin
1985 - Simpósio Interbacional de Escultura em Pedra - Porto
1983 - Lisboa Cultural
1983 - Nice - à propos de Jean Vigo
1982 - Visita ou Memórias e Confissões
1981 - Francisca
1979 - Amor de Perdição (filme)
1974 - Benilde ou a Virgem Mãe
1972 - O Passado e o Presente
1966 - O Pão (documentário)
1965 - As Pinturas do meu irmão Júlio (documentário)
1963 - Acto da Primavera (documentário)
1942 - Aniki-Bobó
Curtas e médias metragens
2001 - Porto da Minha Infância
1964 - A Caça
1956 - O Pintor e a Cidade
1941 - Famalicão (filme)
1938 - Já se Fabricam Automóveis em Portugal
1938 - Miramar, Praia das Rosas
1932 - Estátuas de Lisboa
1931 - Douro, Faina Fluvial
Como actor
1994 - Lisbon Story, de Wim Wenders
1980 - Conversa Acabada, de João Botelho
1933 - A Canção de Lisboa, de Cotinelli Telmo
1928 - Fátima Milagrosa, de Rino Lupo
Como supervisor
1970 - Sever do Vouga... Uma Experiência, de Paulo Rocha
1966 - A Propósito da Inauguração de Uma Estátua - Porto 1100 Anos, de Artur Moura, Albino Baganha e António Lopes Fernandes
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