Sou acompanhada por psicólogos, há anos, por causa da minha depressão. Nunca senti muito que a psicoterapia estivesse a resultar e a ajudar-me mesmo, mas enfim.
De todos os psicólogos que tive até agora (a que me acompanha agora é a 4ª psicóloga em cerca de 10 anos), nunca tinha contado a minha bissexualidade a nenhum deles, apesar de já saber e ter assumido para mim há vários anos. Talvez nunca confiasse neles ao ponto de contar algo tão íntimo.
Desde que conheci a minha (agora ex) namorada, que tinha interrompido a psicoterapia. Entretanto fomos para Madrid, não dava para ir mesmo.
Voltei hoje ao acompanhamento psicológico, depois destes meses e de tanta coisa (de bom e de mau - mas principalmente de mau-) ter acontecido na minha vida.
Quando escrevi a minha carta aos meus avós, a fazer o meu coming out, eles contaram-lhe o que eu tinha escrito na carta. E foi assim que a minha psicóloga soube que sou bi.
Hoje, quando fui à consulta, ela perguntou-me logo "Porque é que não me tinhas dito isso antes?"
Toda a consulta foi sobre este tema, e sobre tudo o que tinha acontecido nestes meses. Foi uma hora muito produtiva. Tinha tanto para contar...
Ela foi muito "open minded", apesar de ter utilizado as expressões "opção sexual; decisão", quando se referiu à minha bissexualidade. Mas penso que foi mesmo um lapso, porque todo o discurso foi muito friendly.
Pela 1ª vez, em todos estes anos de psicoterapia, saí da consulta a sentir-me mesmo bem, mais leve.
Foi a 1ª vez em que senti que realmente a minha ida à consulta me tinha feito bem e que tinha feito progressos. 
É óptimo que tenhas contado tudo o que sentes... Parece-me que só assim a psicoterapia pode ajudar verdadeiramente...
Eu contei na 2ª ou 3ª sessão. Não fazia sentido não contar, pois foi uma das principais razões que me levou até lá.
Acho que me tem ajudado, mas claro que os resultados não surgem de um dia para o outro.
Sim, a psicoterapia pode durar meses, anos, até uma vida inteira. É um processo longo, sei disso. É preciso ter calma, paciência e muita força de vontade para ultrapassar os problemas, porque a psicóloga ajuda, mas não pode fazer tudo sozinha. A ajuda só resulta se quisermos ser ajudados.
Esta psicóloga acompanha-me a mais de 1 ano e meio. Nunca lhe tinha contado a minha orientação (nem a ela nem aos psicólogos que me acompanharam até hoje), porque não foi esse o motivo que me levou a recorrer à psicoterapia. Sei o que sou, desde a muito tempo, e aceito-me bem. E talvez por isso mesmo, por lidar tão bem com a minha orientação, nunca senti a necessidade de lhe contar.
Agora que ela soube, senti-me bem ontem, na última consulta, não por ela saber, mas porque já há tanto tempo que não ia lá, já se tinha passado tanta coisa, a minha vida deu tantas voltas nestes meses, tinha tanto para lhe contar, que acabei por falar muito mais do que habitualmente, e senti-me bem, por ter desabafado tudo aquilo que falei. Num mau momento como o que estou a passar, fez-me bem ter ido lá. Estava mesmo a precisar de falar, desabafar, exteriorizar toda a tristeza, toda a raiva e angústia que sinto, mais o ter que aprender a fazer o luto da minha última relação, que apenas serviu para piorar o meu estado depressivo.
Os meus avós quiseram que eu retomasse as consultas, porque, agora que sabem da minha orientação, estão com esperanças que a psicóloga consiga mudar a minha orientação, coisa que tanto eu como ela sabemos perfeitamente que não vai acontecer.
Mas, no meio de tudo isto, foi positivo ter ido lá, retomar as consultas. Neste momento estava mesmo a precisar.