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"Durão considera EUA o aliado principal
Primeiro-ministro respondeu favoravelmente ao pedido norte-americano de utilização da base das Lajes, em caso de guerra
isabel teixeira da mota
O primeiro-ministro exprimiu uma inequívoca inflexão na política externa portuguesa, ontem, no Parlamento. No conflito com o Iraque, Portugal terá definitivamente uma posição que privilegia o eixo transatlântico, ou seja, o que tem os Estados Unidos da América como aliado principal. Nesse âmbito, Durão Barroso anunciou que o Governo autorizou a utilização da base das Lajes, Açores, pelas forças militares norte-americanas.
No debate mensal dedicado a discutir o conflito com o Iraque, e numa altura em que a política externa da União Europeia está de rastos, Durão defendeu que "a construção europeia não pode ser feita à custa da união transatlântica" e deu mais um sinal de estara preparar o país para a guerra no âmbito da OTAN.
Classificou os Estados Unidos como "o mais importante" aliado português, a Inglaterra como "o mais antigo" e a Espanha "o mais próximo". Numa perspectiva que foi vista pela Oposição como secundarização da Europa, afirmou: "Acredito na União Europeia, mas nãovou deitar fora várias décadas de união transatlântica".
Foi um debate em que as divisões sobre o conflito iraquiano ficaram claras como água. Talvez pela necessidade de vincar posições, atingiu por vezes a violência verbal, sobretudo entre o primeiro-ministro e os dois partidos mais à Esquerda, PCP e BE.
Prepara país para guerra
No princípio do debate, que durou três horas, o primeiro-ministro, em tom calmo, frisou que defendeu, em conversa com Bush, a aprovação de uma nova resolução pelas Nações Unidas, e garantiu que continua a "acreditar na via diplomática e numa solução multilateral". Porém, usando um argumento que utilizou à exaustão, acrescentou, "temos de acautelar o falhanço desta via". Ou seja, o país tem de estar "preparado". "Este conflito diz respeito ao povo em geral. Esta luta contra o terrorismo não é uma ficção", sublinhou. "Portugal deve ter uma posição clara de apoio ao combate ao terrorismo internacional", afirmou.
Para enfrentar uma eventual entrada na guerra, o primeiro-ministro foi ao ponto de lembrar a posição neutral de Salazar na Segunda Guerra Mundial: "Não quero ver o meu país na mesma posição de neutralidade entre o nazismo e a democracia". "Caso se esgote a via diplomática, não há neutralidade possível entre a tirania e a democracia, entre a ditadura e a liberdade (...)", concluiu.
Os advogados de Saddam
O pior foi que, para argumentar contra o regime iraquiano, Durão Barroso colou a Oposição à defesa do regime de Saddam Hussein. Primeiro ensaiou uma alfinetada ao PS, dizendo: "Essa hesitação que sustentam beneficia Saddam". Depois, contra Carlos Carvalhas,
reagiu à acusação de estar a ser "subserviente em relação aos EUA" e de "querer comprometer o país numa guerra preventiva e unilateral". "Com ou sem resolução das Nações Unidas, o PCP está contra uma acção contra o Iraque", disse. Uma posição, afirmou, "objectivamente ao lado da ditadura sangrenta de Saddam Hussein". A seguir acusou o PCP de ter sido "complacente no apoio ao regime bárbaro de Milosevic".
Por sua vez, Luís Fazenda classificou o discurso do primeiro-ministro de "hipócrita" e "cínico". O que se joga no Iraque, disse Fazenda, "é um confronto petrolífero" e Portugal "dá passaporte aos EUA para fazerem a guerra" numa "cumplicidade perigosa". Durãorespondeu que, "quando cai um ditador, é um grande dia para os democratas do Mundo" e rejeitou a posição dos "advogados de Saddam".
Sem divergências de fundo relativamente à política externa levada a cabo pelo Governo, o secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues levantou, no entanto, a questão do aniquilamento da unidade europeia em matéria de política externa. "Ao tomar posição pública, veio estilhaçar a União Europeia ao nível a política externa comum, que é onde ela é mais fraca. O que parece é que alinha com qualquer posição que os EUA venham a tomar seja unilateralmente ou não", argumentou Ferro. O secretário-geral socialista teceu duras críticas a Durão Barroso por ter assinado a carta de apoio aos EUA com outros sete líderes europeus. Mas, o primeiro-ministro teve de lembrar que, pela Constituição, "é o Governo que conduz a política e compete ao primeiro-ministro defender Portugal na ordem externa". "
in JN