Spaceislandss força!

Passei por algo muito semelhante (com a diferença de que comigo foi há 10 anos atrás).
Os meus pais descobriram que era lésbica (tinha eu feito 18 anos dois meses antes) e a partir daí a minha vida tornou-se simplesmente insuportável... tiraram-me os telemóveis, impediram-me de falar com a minha namorada (que eu também encontrava às escondidas), isolaram-me de tudo, controlavam as horas a que eu saía de casa e a que chegava aos locais (descobri mais tarde que tinham posto pessoas a vigiar-me), as manipulações emocionais e interrogatórios durante horas a fio eram diários e nunca faltaram os gritos e o constante "reminder" de que eu era uma vergonha e "não merecia sequer o chão que pisava"

Foi horrível, duro e acabei por entrar em depressão. Estava completamente destruturada.
Felizmente, no meu caso, não houve agressões físicas nem mudanças de país (wtf..? que raio se passa com as pessoas

??), mas o peso da questão religiosa dava toda uma outra dimensão às agressões emocionais e humilhações verbais. Eu só queria morrer

.
Acabei por sair de casa.. estava a trabalhar em part-time, tinha uns 400€ do meu último ordenado, contactei e fui às escondidas ver quartos para alugar e, com grande alívio, saí de casa e tornei-me independente.
Depois disso, foi um ano e meio de psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico. Mas os resultados foram muito bons: fiquei emocionalmente bem e finalmente pude aceitar-me e ficar bem comigo mesma, decidi voltar a estudar e por isso mudei para Lisboa, reconstruí a minha vida praticamente do zero. Não foi fácil, mas valeu a pena

.
Hoje estou bem e feliz

(e é verdade o que dizem "It gets better")
Isto para te dizer: força! Eu sei que é simplesmente horrível e desesperante o que estás a passar

, mas não desistas de ti!
Teres o apoio da Casa Qui é ótimo e, sobretudo nestes casos, a ajuda especializada pode ser muitíssimo valiosa! Tenta procurar o apoio também de outros amigos e familiares e não te isoles. Cuida de ti e coloca o teu bem-estar (mental, emocional e físico) em primeiro lugar, sim?
Lembra-te: tu és importante, tu mereces estar bem (emocional e psicologicamente) e feliz sendo tu própria e não há mal nenhum em amares que tu quiseres.
Vai-nos pondo a par e, se precisares de desabafar, estamos aqui. Força, coragem e não desistas! :*