Olá!!! Obrigado por clarificarem as vossas posições!

Deu para entender melhor o que pensavam e mesmo para concordar convosco. Também espero que este forum seja visitado não só por LGBT's.
Já fazia alguns meses que tinha tomado conhecimento da existência do grupo, mas não me tinha despertado grande curiosidade até ter acesso a um dos mapas que vocês distribuiram... Finalmente tinha visto alguma externalização da vossa actividade...

Neste momento, por circunstâncias pessoais e profissionais não irei poder frequentar as vossas reuniões, mas assim que determinados assuntos pendentes fiquem resolvidos podem contar com a minha presença. Já agora, obrigado pelo convite.

No entanto, e porque ainda tenho uma pulguinha atrás da orelha, continua a fazer-me confusão a vossa opinião:
Noitidatnok
Se não queres fazer publicidade aos locais onde os LGBT em Braga são bem-vindos, porque é que dizes, para quem quizer saber, para te perguntar directamente? Estarias na mesma a divulgá-los a toda a gente, se toda a gente te perguntasse... Vejo que concordas que aqui em Braga não há locais aos quais podemos chamar gay-friendly. Há sim, locais que os LGBT frequentam mais que outros e não podemos dizer que "somos" bem recebidos porque esses locais não me podem proibir a frequência do mesmo só por ser homossexual, que é coisa que aliás eu não noticio sempre que entro em algum café/bar/discoteca. Acho que a tua resposta mais adequada à questão do pikinino seria que não há bares gay-friendly em Braga... isso resolveria a questão.

E continuo sem perceber o porquê de não querer revelar os locais mais frequentados pelos LGBT em Braga. Não creio que esses locais passassem a ser conotados como gay-friendly. Aliás, pelos que eu conheço, a frequência desses locais não iria modificar muito. Também não percebo como é que irias prejudicar os donos desses estabelecimentos se aqui revelasses quais os locais que os LGBT de Braga mais frequentam; não os irias apresentar como gay-friendly, mas como bares que os LGBT mais frequentam. E aí, nessa preservação dos donos dos estabelecimentos, há uma contradição muito forte quanto aos objectivos deste grupo: esses senhores têm as portas abertas para todos os clientes; se as fecharem estão a discriminar (acção ilegal). Não se pode defender aqui que os donos tenham o direito a ter a opção de preferirem que os seus clientes sejam "normais"; e dizer que, determinado local que é mais frequentado que outros pelos LGBT, venha a prejudicar a clientela desses mesmo estabelecimentos. Não sei se estou a fazer entender, mas se houver qualquer duvida em respondo...

Phoenix
"Na minha opinião os ditos bares LGBT só nos faz mudar da posição de isolamento pessoal para isolamento em grupo."
Concordo em parte com o que afirmas. Também acho que os LGBT não se devem deixar fechar em ghetos. No entanto, muitos de nós vivemos fechados num gheto todos os dias, muitas vezes sozinhos connosco próprios. Aí, nessa situação, acho preferível a existência de locais onde possa haver "isolamento em grupo". Porquê? Porque nos ajuda a perceber que não estamos sós e onde podemos estar completamente à-vontade, sem medo de recriminações (se bem que também há disso nos ghetos LGBT, mas numa outra amplitude). Vou apenas dar um exemplo pessoal de como pode ser relevante a existência de "ghetos LGBT": numa das minhas últimas saídas a um bar LGBT do Porto (não gay-friendly, mesmo LGBT) encontrei-me com um conterrâneo meu. Conversa puxa conversa estavamos a fazer uma dissertação sobre a homossexualidade fora dos grandes centros urbanos (

) e vi-me, de repente, a abafar palavras como gay e homossexualidade. Um flash fez-me perceber que estava num dos sítios onde não iria ser olhado de lado por dizer isso em voz alta (digo, normal), como pode acontecer noutros locais. E, infelizmente, é só nesses locais onde me posso sentir completamente à-vontade (se bem que habituar-me à ideia que estou num bar gay também me custa de inicio, mas depois "solto-me"). Continuo a achar que não nos devemos fechar numa redoma, a isolarmo-nos em grupo, mas podermo-nos isolar em grupos é sempre preferível que na solidão. E sempre que vou a um dos bares LGBT no Porto pergunto-me se a minha vida, após ter consciência que era gay, não teria sido mais fácil se tivesse acesso a locais como aqueles, onde me sentiria "normal"... Não que fosse preponderante, mas seria de certeza uma boa ajuda...

Infelizmente continuo a ver Braga como uma "aldeia gigante", onde toda a gente sabe da vida de toda a gente, ou pelo menos pensa que sim. E por acharem isso, continuam a viver em redomas, com máscaras, com 2as vidas, e isso é frustrantre! Quantas vezes já ouvi "Se passares por mim na rua, não digas que me conheces", "Eu não me dou com fulano porque ele é demasiado "bicha (passo a expressão) e podiam desconfiar", "Se aqui houvesse um bar gay eu nunca iria!!! E se me vissem a entrar?"... enfim, um rol de coisas que, na minha opinião, são inconcebíveis, e mais inconcebíveis são quando proferidas por pessoas que afirmam não terem problemas em ser gays! O facto, é que o medo domina os LGBT de Braga e por isso escondem-se (claro que há excepções), sem se aperceberem que, enquanto não perderem esse medo vão ser obrigados a viver a vida como os outros lhes dizem para viver... Tal e qual como em cidades de menor dimensão... Mas isso seria assunto para outro tópico... foi mesmo um desabafo...

Abração!!!
