Para ser sincera, penso que começam a tolerar um pouco mais, nalgumas situações.
Claro que há sempre aquelas pessoas, que viram a cabeça ao contrário (qual versão da miúda do exorcista), para ver um casal de mãos dadas, para ver o braço de um em cima do ombro do outro, para ver o mais variado tipo de situações; há aqueles que mandam bocas (que a meu ver, na maior parte das situações, não passam de homossexuais em negação); infelizmente, há aqueles que agridem fisicamente (não passam de autênticos ignorantes com falta de atenção) e felizmente, há os que sorriem, que apoiam, que fazem o mesmo.
Há uns meses, estava eu a passar pelo centro do Caniço de carro e deparo-me com um casal de rapazes na casa dos 20 e poucos, (estrangeiros), numa paragem à espera do autocarro. Tinha uma passadeira à minha frente e parei para deixar outras pessoas passar, qual não foi o meu espanto, quando um deles agarra no outro, e dá-lhe um beijo super fofo; a minha vontade era de buzinar e fazer uma festa

, afinal de contas não são todos os dias (pelo menos eu, não tenho essa facilidade), em ver esse tipo de demonstrações de afecto em público, mas parece que adivinhavam e o rapazinho que tinha sido apanhado desprevenido, olhou para mim envergonhado e sorriu. Claro que as mulherzinhas que estavam na paragem, iam caindo todas para o lado, mas foi um acto de carinho, de amor; não foi daquelas cenas só para mostrar posse, nem que fossem precisar de uma bolinha vermelha ao cantinho do ecrã (esses casos, até eu própria condeno, acho que há limites para tudo).
Fui para casa feliz da vida e são esses "passinhos de bebe" que me fazem acreditar, que pouco a pouco, vamos conseguir andar na rua, sem medos, à vontade, como qualquer outro casal heterossexual, sem que as pessoas tenham que parar para comentar ou ter de andar sempre a levar com olhares indiscretos.
Não sou de me andar a expor aos 7 ventos, mas quando gosto, gosto e demonstro sem medo algum.
Já andei de mão dada com uma ex-namorada em pleno Funchal, entre meia dúzia de situações e a meu ver, não passaram de meras "maluquices" nossas no momento, mas que, quero acreditar que aos poucos vão ajudar a tornar as coisas "aceitáveis" para todas as pessoas.
Um passinho de cada vez

Tenho saudades dessas situações
