Estava à procura do tópico sobre amizades lgbt e não encontrei mas este parece-me igualmente adequado:
Para dizer a verdade ultimamente tenho preferido estar com amigos/as hetero por motivos bem simples. Contam-se pelos dedos as amizades lgbt embora as que tenha sejam verdadeiras e duradouras. Creio que o meio lgbt, infelizmente, é muito competitivo (aliás, o hetero também o é mas o lgbt é aquele em que me insiro e obviamente notamos sempre mais quando estamos directamente relacionados/as e somos parte "interessada"). Já são muitos os anos em que ando "por aqui". Atenção que tudo isto que vou transmitir não é um julgamento mas a conclusão analítica que fiz ao pensar neste tema. Os timmings são, naturalmente, distintos em todas as circunstâncias da vida e eles vão marcando as relações interpessoais: algumas pessoas só querem sexo e não há espaço para a amizade, outras pessoas procuram namorada e quando encontram duas ou três divergências nos gostos deixam de falar, outras começam a namorar e nunca mais falam, outras deixam de falar por terem namoradas territoriais: quando acabam o namoro voltam a falar dizendo que tinham uma namorada que não lidava muito bem com os contactos L que tinha, etc. Aquilo que poderia ser uma rede de amizade, partilha, etc. - e obrigada a todos/as os que se esforçam para tal! - vai quebrando aqui e ali porque os egos entram em cena e a sociedade a nível geral - e a nossa comunidade não é alheia à sociedade - ainda não está preparada para incluir as pessoas por mais que se diga que sim. É perfeitamente natural não nos identificarmos com toda a gente e que nem toda a gente se identifique connosco: faz parte. Também não temos que ser amigos/as de toda a gente, é verdade. Mas sinto-me algo "desiludida". Aceito a divergência de caminhos e aceito a rejeição amorosa bem melhor do que a perda ou ausência de amizades que estão presentes diariamente e que de repente se evaporam: por já não se ser novidade, talvez? Por já não precisarem dos nossos conselhos? De repente já não há ligação? Ou é o ego que fragiliza as amizades quando entra em cena? Ou falam de amizade e quando já não têm outros interesses por nós desaparecem? Parecem-me "critérios" de selecção tão redutores quanto inacreditáveis. Não me custa tanto se não me querem como namorada mas quando se trata de amizade custa. Custa porque nos damos a conhecer através de km e km de mensagens para depois acabarem por não nos incluir - nem nos deixarem a nós incluir e partilhar - seja no que / o que for. Uma coisa é não quererem andar connosco de mão dada: tudo bem. Mas amizade? Andamos na escola primária e "hoje sou tua amiga" e amanhã já não? A mim mesmo que me magoem acabo por tentar salvar amizades: algumas não têm resgate possível mas tento sempre. Neste momento sei que eu própria estou a afastar, muito provavelmente, pessoas maravilhosas mas não tenho vontade nenhuma de me dar a conhecer porque sei que o rácio não compensa e o tempo que temos da vida é algo precioso! Como sou assumida para os/as amigos/as hetero tenho preferido estar com eles/as. Talvez seja zona de conforto mas valorizo os momentos, partilha de experiências de amizade e não tenho mesmo tempo a perder! Sinto-me mais incluída com os/as hetero de sempre e a criação de memórias é o que faz as amizades prevalecerem! Já não tenho paciência para a divergência entre o manifesto da "importância" da amizade por palavras e a realidade.