Viva neue!
Já tinha vindo aqui ler-te mas tentei investigar primeiro antes de responder. Ainda aguardo resposta de uma psicologa que é capaz de ser uma boa ajuda para essas questões mas ainda não lhe foi possível dar-ma. Em todo o caso, venho desde já felicitar-te pela coragem e, como alguns membros fizeram, garantir-te que entre nós, nesse anónimato que tão bem acarta liberdade, estarás em família. E por falar em família, acredito que talvez essa seja uma das barreiras mais complicadas pelo choque que continua a ser tal termo (até mais o termo que a situação...).
O processo em si é acessível ainda que exija uma série de burocracias que em si são mais irritantes que todo o tratamento físico e psicológico. Penso que quando falas na questão facial apresentas de facto uma das barbaridades do sistema. Não faz sentido, no caso de mulheres transsexuais, não facultar essas cirurgias. Quanto mais não fosse, ao invés de comparticipação total como sucede com o tratamento actual (pelo S.N.S....), a possibilidade de descontos consideráveis. Se é uma mulher que se quer revelar e se as leis impedem sequer que esta se possa casar ou ter filhos (e quem fala delas, fala deles) então fará sentido não deixar arestas por limar e não deixar uma pessoa incompleta. Mas que fazer? Até agora o que define o transsexual é a sua heterossexualidade e as vestimentas... Se fores gay, chapéu; se fores travesti, chapéu; se fores mãe, chapéu (...) ah mas se tiveres voz grossa, musculos mais desenvolvidos ou simples nariz mais amplamente revoltado, problema teu... defeitos de nascença -.-' Enfim, isto para dizer que essas cirurgias vão-te sair um pouco mais caras e que será bom tentar desde já estabelecer contactos e angariar o máximo de informações possíveis tanto para garantir lugar nas listas de espera como para garantir preços e condições. A julgar pelo S.N.S., ficarás talvez mais de 4 anos em tratamento físico (com tudo o que este inclui) portanto é de evitar tempos extra.
Quanto à questão da identidade, mesmo que ainda sem a resposta, posso adiantar que o ideal seja de facto sair de Portugal - quem sabe até ser acompanhada lá fora... - nacionalizares-te noutro país, tratares-te de melhor forma possível e depois voltar a Portugal com tudo tratado. Não serás mais portuguesa no registo mas, enfim, terás uma identidade compatível contigo mesma. Quanto à questão da mudança do nome, é de facto possível e é o que muitos transsexuais adoptam nessa fase de 'falta de identidade' por ter literalmente um saco de géneros em si. Não pode haver qualquer oposição pública a essa alteração durante cerca de 1 mês, penso. Se tudo correr bem, alteram-te o nome após esse período. Em todo o caso, de nome alterado, fica imenso por tratar a nível legal e portanto, sim, o estrangeiro continua a ganhar.
Espero sinceramente que tudo te corra pelo melhor e mal saiba mais coisas avisar-te-ei. Como não estou tão dentro do vosso processo (feminino) o máximo que posso fazer é falar com quem esteja, dar-te contactos e explorar também eu a fim de te ajudar.
Força!