É que esses casos não se trata de transexualidade, Strigo, mas intersexualidade... é a terminologia correcta e peço desculpa por não a ter colocado logo desde o início.
Cacao, eu percebi a que te referias, mas ponho em dúvida que nesses casos o diagnóstico seja mais simples. Alguém que apresente genitália feminina e masculina não será propenso a escolher o sexo que lhe parecer trazer mais facilidades, ou a sofrer pressões de familiares no sentido do sexo que preferiam que essa pessoa tivesse e por isso julgarem-se de um género que depois dos ajustamentos cirúrgicos descobre não ser o seu género psicológico?
Será realmente mais fácil determinar a identidade de género dessas pessoas do que dos transexuais, em que normalmente todas as pressões são no sentido contrário às suas pretensões?
E, já agora, não será a transexualidade uma forma de intersexualidade, como alguns defendem, em que o único órgão em desacordo com o sexo aparente do corpo é o cérebro?
Eu compreendo muito bem as reservas em relação ao tratamento de uma pessoa tão nova, é terrível se se faz uma mudança radical e irreversível e depois se descobre que foi um erro. Mas também é terrível atravessar a puberdade no sexo errado e ficar-se com características também irreversíveis para o resto da vida, quando tal podia ser evitado.
Se não há dúvidas que existem crianças transexuais e que quanto mais cedo começarem o tratamento hormonal (de preferência aos 10 anos) mais o seu corpo se assemelhará ao sexo desejado, a única questão será a capacidade dos psicólogos distinguirem entre os transexuais e os que não o são.
Nem imaginas a quantidade de esquizofrénicos (aparentemente transexuais) que um dia acordam prá vida, vêem-se ao espelho e já não se reconhecem... e aí, só têm k se aguentar á jarda, já k o erro não pode ser desfeito...
Em que te baseias para dizer que esse número é elevado? Não tenho acesso a dados concretos, só mesmo de pesquisa na net, mas por exemplo
esta página fala em menos de 1% de arrependimento e pouco mais de 1% de suicídios após as operações, sendo que parece não haver ligação directa entre os suicídios e as operações. Noutra página falam em taxas de suicídio de 36% entre transexuais não tratados.
Convém referir também que operações erradas foram e continuam a ser feitas em grande número em intersexuais (a maioria dos casos de transexualidade não são naturais mas criados por estas operações). Isto acontece porque os médicos e pais decidem fazer as operações no sentido de um dos sexos quando a criança é demasiado nova, normalmente ainda bebé, para evidenciar a sua identidade de género. Acaba por ser questão de pura sorte corpo e mente estarem de acordo.
No caso apresentado do rapaz australiano há muito mais segurança na sua identidade. Especialistas e tribunal não tomaram concerteza uma decisão tão polémica de ânimo leve.
Risco de erro existirá sempre, mas nos termos em que é feito actualmente o tratamento a transexuais parece-me mais fácil o erro de excluir um transexual, considerando que não o é, que o contrário.
E os riscos de negar o tratamento estão longe de ser desprezáveis.
Fazendo uma analogia com uma situação que sempre me preocupou:
Se estiverem sozinhos com uma pessoa a precisar de 1ºs socorros e não souberem como os prestar o melhor é mesmo ficarem quietos, é pior carregar a culpa de fazer uma asneira. Mas se souberem como os prestar, mesmo não tendo 100% a certeza de estarem certos (e quando é que se tem?) ficariam parados com medo de errarem?