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História, História de Arte, Arqueologia, Antropologia, Paleografia e Restuaro
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Fernando Pinheiro:
Como amante destas ciências, não consegui encontrar nenhum tópico sobre História e ciências sociais semelhantes. Por isso decidi criar um tópico sobre o assunto. Neste tópico pode-se falar sobre História, História de Arte, Arqueologia, Antropologia, Paleografia, Conservação e Restauro. Como História é muito abrangente pois existe História de tudo, logo existe a História de Arte, a História da Ciência, a História da Língua, etc. Logo muitos temas para abordar. lol Deixo aqui um texto meu sobre as três rosáceas da Catedral de Notre-Dame de Paris.
As Três Rosáceas de Notre-Dame e o Restauro de Viollet-le-Duc
As três rosáceas (são vitrais rosáceos, portanto são vitrais da arquitectura gótica que se assemelham a uma rosa, sendo esta um símbolo importante do cristianismo medieval) da Catedral de Notre-Dame de Paris sobreviveram. Estas três rosáceas são umas das mais belas que existe na Europa e seria uma pena enorme se tivessem sido destruídas. A destruição parcial da Catedral foi um terrível golpe para a História e a Arte europeias. E para quem gosta como eu do estilo gótico (a arquitectura, não a música de que também gosto) é um muro no estômago porque a Catedral foi um dos primeiros edifícios góticos que apareceram na Idade Média (agora parece que já não se diz Idade Média mas uso ainda o termo para se perceber), quase que se pode dizer que a Catedral é a Mãe do Gótico. As rosáceas também são tão antigas como a Catedral. A rosácea a oeste foi feita em 1225 (restaurada no século XIX), a rosácea a norte foi feita em 1250 e a rosácea a sul foi feita em 1260. Esta última rosácea, a que fica no sul, foi dada de presente à Catedral pelo rei Luís IX de França, também conhecido como São Luís. Ela tem 94 medalhões organizadas em quatro círculos que retratam a vida de Jesus Cristo e daqueles que foram seus contemporâneos. O círculo interior mostra os Doze Apóstolos (mas foi modificado com as restaurações posteriores), Um círculo mostra mártires e outro mostra virgens santificadas. O quarto círculo contém vinte anjos e santos padroeiros de França como São Dinis de Paris, Santa Margarida de Antioquia com um dragão e Santo Eustácio (ou Eustáquio). Os terceiro e quartos círculos também retratam eventos do Antigo Testamento; e o terceiro círculo tem alguns eventos do Novo Testamento de acordo com o Evangelho Segundo São Mateus que datam do século XII depois de Cristo. Nos cantos desta rosácea retrata a Descida de Cristo ao Inferno (segundo a tradição medieval Jesus quando morreu pregado na Vera Cruz, o seu espírito foi ao Limbo e resgatou todas as almas que eram puras mas que não conheciam a Salvação de Deus através d'Ele como Adão ou Moisés e levou-os até ao Paraíso Celestial), a história de Adão e Eva ou a Ressurreição de Cristo. São Pedro e São Paulo estão em baixo e Maria Madalena e São João estão em cima. No ápex desta rosácea está uma janela pintada com Cristo no Céu rodeado pelos seus Apóstolos. Em baixo estão dezasseis janelas com imagens de Profetas, estes Profetas não fazem parte da janela original e elas foram pintadas durante a restauração da Catedral durante o século XIX por Alfred Gérenthe sob a direcção do arquitecto Eugène Viollet-le-Duc, inspirada na Catedral de Chartres. A rosácea meridional foi danificada em 1543, não tendo sido restaurada senão até meados de 1725–1727. Foi gravemente danificada durante a Revolução Francesa de 1830, Uma multidão enfurecida queimou a residência do arcebispo ao pé da Catedral e partes da rosácea foram destruídas, a rosácea foi depois restaurada por Viollet-le-Duc em 1861. Viollet-le-Duc retirou pedaços de vidro partidos e substituí-os por vidro novo. Hoje a rosácea contém vidro medieval e vidro do século XIX. Nos anos '60 do século XX a rosácea meridional foi novamente modificada por Jacques Le Chevallier. Hoje a Catedral de Notre-Dame com as suas várias restaurações é uma mistura do gótico e do neogótico e é uma das peças de arte mais fabulosas na Europa, e é com fúria e tristeza profunda que vi no meu tempo a sua destruição parcial.
Fernando Emanuel Pinheiro Quinta do Conde, 18 de Abril de 2019
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