Muito honestamente não creio que as redes sociais em si sejam o problema e as responsáveis pelos impactos negativos na nossa forma de viver. Muito pelo contrário, creio até que são apenas um sintoma/consequência da forma absurda como a(s) sociedade(s) estão construídas: não há tempo para nada e muito menos para as pessoas, portanto é mais do que normal que se encontre nas redes sociais uma maneira de contornar isso. Chegar ao ponto da adição não há-de ser nada inesperado. No fundo, é um escape e explorar isso a fundo é uma reacção típica a algo que não está bem. E bem compreendo, sem julgamentos.
Eu não tenho facebook. Já tive mas nunca por longos períodos de tempo, ia desactivando e reactivando conforme a minha saúde mental permitisse. No entanto há cerca de um ano que não tenho mesmo conta e não pretendo regressar. Mas tenho pensado muito nisso ultimamente. Como é que uma pessoa como eu, que não tem círculos sociais cá fora nem amizades nem nada do género, conhece pessoas e desenvolve relacionamentos, debate assuntos e mantém a mente activa, entre outras coisas? Mesmo procurando por fóruns de comunidades que me interessam, parece que se encontra tudo alojado no facebook.
De certa forma foi libertador porque já não ando com o constante peso na cabeça de ter uma conta de facebook aberta, por vários motivos que não vou neste momento detalhar, mas também não sei como é suposto eu fazer parte de certas coisas quando tudo parece lá estar.
Actualmente apenas utilizo o instagram e é porque tem um foco muito específico - fotografia, que é um dos meus grandes interesses - e que torna essa plataforma um hobbie que me mantém sã ao invés de um vício. Mas também reactivei-o recentemente e voltarei a desactivar quando achar que faz sentido. Não me serve tanto como uma plataforma para conhecer pessoas e desenvolver relacionamentos (seja de que tipo for) mas também não me dá as dores de cabeça nem me faz sentir exposta e vulnerável como o facebook - o que é ideal para a minha saúde mental (assim como este fórum).
Mas voltando ao facebook pela questão que colocaste e porque é uma rede social mais complexa e com um teor inter-relacional: não sei bem quais serão as consequências a longo-prazo, seja para mim ou seja para a sociedade no geral. O que sei agora é que embora esteja mentalmente mais descansada, sinto muitas vezes que estou a perder coisas: notícias, eventos, comunidades, ligações, partilhas, etc. É uma sensação estranha. Não é nada que me sufoque mas em dias menos bons chateia-me um pouco. Porque mesmo que eu procure essas coisas noutros lados, é como se estivesse quase tudo centralizado ali. É a sensação que me dá. E pode ser bastante solitário e frustrante. Parece que a minha existência por vezes é negada por não ter facebook, se é que isto faz sentido. É como se fosse invisível no mundo ou vivesse completamente à parte, mesmo que não queira.
![Desconfortável [smiley=desconfortavel.gif]](http://www.rea.pt/forum/Smileys/classic/desconfortavel.gif)
Parece um ciclo vicioso mas continuo a achar que há realmente um ponto de começo e de saída: todo este sistema da treta que não funciona, que nos quer a sobreviver para produzir e encher os bolsos de outras pessoas e nada mais. É normal que o ser humano, generalizando, queira ter conexões, mais compreensível é em situações em que não pode sentir ou conectar-se de outra maneira: ou falta tempo ou falta dinheiro ou falta energia ou faltam ferramentas ou falta tudo. E é isso que tem um impacto negativo nas nossas vidas e as redes sociais são apenas ferramentas e as respectivas adições consequências disto mesmo.