A meu ver não é tão incomum como pressupomos, haver pessoas que por qualquer motivo se sintam motivadas a terminar com a sua própria existência.

Acredito que um grande número de pessoas que o fazem, não o premeditam, simplesmente mergulham. O facto de ter uma orientação sexual diferente da norma não me causa qualquer disturbio ao ponto de pensar nisso, porém, tempos houve em que me sentia muito pressionada pelos meus próprios pais, :-/

quando a minha descobriu que eu era lésbica. Lembro-me que foi um grande choque para eles, reagiram da pior forma, sentiram-se enganados.

- Mas como é que isso é possivel? Tu és tão feminina...

- disse-me a minha mãe lavada em lágrimas. Infelizmente a minha mãe acredita(va) que as lésbicas têm de ter um ar masculino e os gays um ar efeminado.

- Preferia mil vezes que fosses a maior p*** da cidade! -

é verdade, a minha mãe disse-me isto. Humilhou-me como nunca ninguém o fez, vieram os insultos, as ameaças, a agressão. :-/
Senti que os meus pais me estavam a limitar, nunca me iriam deixar exprimir da forma que me faz sentir bem. Se eu não tenho liberdade de expressão, de que me serve o 25 de Abril? :-/
Senti-me realmente mal porque para piorar as coisas havia terminado um relacionamento havia cerca de uma semana.

Se os meus próprios pais me discriminam, como posso eu esperar que a sociedade ( que é formada por muitos outros pais.

) não me condicione? :-/
Entrei em depressão, os diálogos em casa eram frios ( e a minha relação com a minha mãe sempre fora boa até então), os meus pais começaram a controlar-me muito, comecei a faltar aulas para escrever na praia, chegava a casa e só me apetecia dormir porque acreditava que se dormisse o tempo passava mais rápido e no dia seguinte os problemas ía passar, emagreci 4 quilos numa semana, não tinha apetite nenhum, jantar era o meu maior sacrificio, brincava com a comida e se podesse dava-a ao cão.

. Se alguém me telefonava para tomar café ou para sair, levava corte, na certa. Várias vezes pensava nas diferentes formas que tinha para acabar com a vida, era só escolher.
Eu fiz várias escolhas: Viver! Viver! Viver!

Se eu fosse a um bar gay, o meu pai ficava a saber, entrei em paranóia porque achava que alguem me perseguia e contava tudo ao meu pai. Tinha medo.
Gradualmente comecei a sair de casa, sempre com a minha mãe a perguntar-me com quem ía, para que sítios ía, se ía sair com gays. Apercebi-me que tinha amigos aos quais nunca dera muito valor, mas que se preocupavam comigo

(são poucos mas bons), as minhas amigas heterossexuais a quem contei reagiram muito bem, mudei de táctica com os meus pais e comecei a mostrar-lhes que era a mesma pessoa, e comecei a me impor de certa forma. Não puxava o assunto e eles também não, a regra era esta, a minha mãe não me fazia perguntas e eu não lhe mentia!

.
Hoje levantei-me mais cedo e tomei o pequeno almoço com a minha mãe porque precisavamos falar, adiámos esta conversa há muito tempo. Falámos bastante sobre mim, sobre a forma como ela me vê, os medos que ela tem, tanta coisa.
Está quase a fazer dois anos, desde que ela descobriu, penso eu e somente hoje, ouçam bem HOJE, após esta nossa conversa a propósito da minha sexualidade a minha mãe abraça-me a chorar e diz:
- Gosto muito de ti.
Quero com isto dizer que estou muito bem resolvida com a minha sexualidade, desde sempre, a minha sexualidade por si só nunca foi motivo para me suicidar. lololol. Gosto tanto de raparigas, aliás gosto tanto de UMA rapariga :-)
Os motivos que me fizeram pensar nisso foi mesmo a reacção dos meus pais, foram motivos exteriores. Actualmente não penso nisso, claro que vezes tenho recaídas, mas quem não as tem?
Termino com uma frase de umaamiga minha, que se aplica muito bem à mensagem que quero transmitir.
"Todos caem, mas só os fracos ficam no chão!" 8)
Saudações x-pressivas 8)
x-pressiongirl
