DUAS LISTAS, DUAS VISÕESPela primeira vez, nesta AG, existiram duas listas a concorrer à Direção da rede ex aequo.
Se este facto é, em si, positivo - não apenas porque possibilita uma escolha entre alternativas, mas sobretudo porque demonstra a existência de diversas pessoas dispostas a trabalhar em prol da associação - creio que é igualmente um mote de reflexão para tod@s nós. Afinal, é bom existir a possibilidade de escolha, mas é também fundamental que estas escolhas sejam informadas e que todos os associados se possam pronunciar e ter uma voz (neste ponto, creio que urge encontrar soluções que permitam a quem não pode estar presencialmente nas AG - devido, por exemplo, à distância, afinal esta é uma associação de cariz nacional - fazer-se representar e poder pronunciar-se; adicionalmente, creio que seria importante atentar à sugestão do Atomic que poderá ser um primeiro passo neste sentido).
Não obstante, o que me preocupa sobretudo - e é neste ponto que gostaria de focar - é que
o facto de terem existido duas listas candidatas à Direção da rede ex aequo veio tornar mais clara a existência de uma cisão cada vez maior e percetível entre os associados em termos da ideia do que é e deve ser a associação. Duas perspetivas muito diferentes das quais não tenho a certeza que todos os associados estejam realmente conscientes (até há bem pouco tempo eu não tinha esta perceção) e sobre as quais importa refletir para que se possam tomar decisões informadas e focadas no bem da rede ex aequo e, sobretudo, dos jovens que esta se propõe a ajudar.
Clarificando,
diria que existem, atualmente, duas visões muito distintas quanto àquele que deve ser o foco e as prioridades da associação: uma delas (chamemos-lhe "a"), focada numa componente de visibilidade, ativismo e transformação da sociedade (diria que a atual Direção da rede ex aequo se foca sobretudo neste âmbito),
a segunda (chamemos-lhe "b") (em que se posicionou a segunda lista candidata)
continua a ver a associação no âmbito do seu propósito de criação inicial, focada em ser um pilar de apoio para os jovens e centrando-se em quebrar o isolamento destes, através da partilha, do apoio mútuo e da criação de laços e redes de apoio para os jovens lgbt+.
De facto, se as visões "a" e "b" são muito diferentes, estas
não me parecem DE TODO irreconciliáveis. E é neste ponto que gostava que refletíssemos. A rede ex aequo é uma associação com diversos projetos diferentes em que ambas as visões são úteis.
No meu ver, se a visão "a" faz sentido sobretudo para projetos como o Projeto Educação, momentos de representação externos e áreas de visibilidade, a visão "b" parece-me sobretudo mais adequada a projetos como os núcleos locais lgbti e o fórum (desde sempre os projetos centrais da componente de apoio da rede ex aequo - e neste ponto, vale relembrar que esta é a única associação de abrangência nacional e de âmbito geral no apoio a jovens lgbti em Portugal, sendo um ponto distintor face às restantes associações lgbt+ no nosso país).
(e sim, eu sei que existem outras associações/núcleos como a Casa Qui ou o GRIT, porém o seu âmbito e foco são mais específicos - em todo o caso, não é o ponto que pretendo focar com este post)
UNIÃO OU CISÃO?Adicionalmente, se esta AG mostrou algo é que, ainda que com visões diferentes, existem grupos de pessoas dispostas a "pôr a mão na massa" e a dedicar-se à associação, além de uma Direção disposta a delegar. Experiência de quem já esteve numa Direção da rede ex aequo: estar na Direção é algo que dá MUITO trabalho (e muitas vezes inglório), não é fácil e toda a ajuda é pouca. Assim, se há gente, se há vontade e se há trabalho para todos, porque não apostarmos numa estratégia de união em vez de divisão?
Eu voto na união.
Como referi acima, as visões "a" e "b" não são irreconciliáveis.. podem ser até complementares se executadas com a estratégia correta e contribuir para uma rede ex aequo mais forte e sólida nas suas diversas vertentes. Há querer, há vontade e há disponibilidade.. aproveitemos isto e foquemos na união em vez de na cisão.Há pessoas que se identificam mais com a visão "a" e preferem focar-se em projetos de visibilidade e ativismo? Ótimo! Dediquem-se aos projetos de representação e façam da rea uma associação presente e com voz na sociedade.
Há pessoas que preferem trabalhar sob a visão "b" e focar-se em pôr o fórum funcional e tornar os grupos lgbti em centros de excelência de apoio aos jovens lgbt+? Fantástico! Deixem que se dediquem a estes.
Insistir numa só visão e sustentar divisões de "nós e eles" no interior da rea, poderá levar a uma associação "coxa" e a viver abaixo do seu real potencial, falhando na sua missão e nos objetivos a que se propôs (independentemente de qual a "visão" subjacente). Face a isto,
fica o meu apelo para que se faça um esforço de concessão e união (que pode ser desafiador, sem dúvida, mas que acredito que vale a pena)
no sentido de tornar a rede ex aequo numa associação mais forte e capaz de dar resposta aos diversos desafios que a juventude lgbt+ em Portugal enfrenta nos dias de hoje (e que enfrentará no futuro). Por favor, pensem nisto.