Não há dúvida que a Grécia continua a ser um país exemplar. Não só foi o berço do desabrochar da especulação filosófica no ocidente, dando ao mundo insignes mestres, como foi lá que se encetaram os primeiros passos do sistema que é o menos mau de todos os sistemas políticos: a democracia.
Nesse particular há a salientar que os Gregos do século de Péricles foram de tal forma luminares das civilizações vindouras que o modelo democrático que hoje se pratica em muitos lugares é semelhante ao daquele tempo: a democracia não é para todos.
No século de ouro da Grécia antiga, ficavam fora do sistema democrático as mulheres, os metecos (comerciantes) os estrangeiros e os escravos.
Mudados os nomes e dada às mulheres a hipótese de intervir no governo da polis, não havendo já escravos (até porque me recuso a usar terminologias demagógicas da cassete esquerdista), resta dizer que este facto de a democracia não é para todos.
Só que nestes tempos nossos coevos, os gregos estavam a democratizar o país no sentido de que estavam a estender a uma larga maioria da população os benefícios que nos restantes países (v.g. Portugal) são apanágio de uma minoria oportunista, parasitária e com foros de aristocracia pindérica.
Aqui, nesta terrinha abençoada, todos sabemos como há quem se abarbate com chorudos proventos de dúzias de títulos e funções que se na prática de trabalho produzido são zero. Mas os réditos provenientes são efectivos. Não esqueçamos que já se chegou ao ponto de um governo ter criado um ministério apenas e só porque na distribuição das pastas uma ministra do governo anterior ficara sem ministério. Em vez de se arranjar ministro para um ministério, fez-se o contrário, chegando-se ao cúmulo de a titular do cargo, ela própria, nas entrevistas que então deu, deixar transparecer que não estava certa da utilidade e funções do seu ministério.
Democraticamente os Gregos nosso coetâneos foram mais liberais no distribuir dos “bolos” estendendo a uma larga faixa da população as benesses do fausto que se vivia nesta Europa com os dotes só conhecidos até agora ao Midas.
Realmente aquelas mirificas leis do trabalho, do acesso às reformas, aos benefícios sociais, as excepções a todo o tipo de impostos e mais uma série de usos avulsos, faziam da Grécia um paraíso na terra.
Portanto, para concluir, mais uma vez os Gregos deram exemplo de democracia ao distribuir por muitos (ainda não todos) os benefícios da fartura de que noutros países só uma minoria usufrui, ascendendo a eles por critérios dúbios ou nem tanto. Por mérito é que não é.
Oxalá Portugal os imite!
P.S. Gostei daqueles números que foram revelados: 27 motoristas para um só carro, 4 jardineiros para 3 árvores e os cabeleireiros reformarem-se aos 50 as mulheres aos 55 os homens, por ser uma profissão de alto risco.