mas a nivel de qualidade os transportes melhoraram a olhos visto. Hoje os alunos são transportados em autocarros melhores que os que a RN trazia antes nos expressos de longo curso.
Mal do mundo se em muitas situações se fizessem transportar em carros piores do que aqueles que a RN possuía. O mundo evoului e a indústria automóvel também.
O que é a realidade é que as empresas que ficaram com a RN têm nas estradas Portuguesas veículos de 1985, 1987 e 1992 (importados ou relocalizados de concessões no estrangeiro que já não aceitam tais veículos) com bastante frequência.
A RN, por seu turno, na maioria do seu serviço, tinha nos seus serviços urbanos autocarros dos anos 80 (e alguns de 90) e nos interurbanos veículos dos anos 70 e 80, embora esses veículos montados em Portugal fossem um tanto ou quanto desactualizados face ao que se fazia no estrangeiro na mesma altura. Muitos desses veículos ainda circulam nas nossas estradas, mesmo na Vimeca ou em algumas carreiras da TST.
Relativo à qualidade, além dos próprios veículos serem iguais ou da mesma geração - com excepção de alguns casos - a qualidade do serviço prestado às populações foi decaindo ao longo dos anos com sucessivas supressões de horários, desmesurados aumentos no tarifário e especialmente nas assinaturas mensais e o fim da ofertas combinadas entre as distintas "redes" da RN. Torna-se utópico hoje em dia ir de Nisa ao Fundão combinando a RA e a RBI, coisa que no tempo da RN era possível em termos de horário (a oferta combinada) e com um tarifário que não penaliza o transbordo (bilhete com o número de km do percurso total e não um bilhete de Nisa a C.Branco e outro daí ao Fundão).
Por isso não é mentira quando digo que todo o processo de privatização foi vergonhoso para o Estado Português e mau para as populações.
Não foram exigidas nem contrapartidas aos privados nem obrigações de serviço público. Não foram estabelecidos horários nem ofertas combinadas nem nenhuma estratégia de reforçar o papel do transporte público. Foi apenas e só o entregar do maior operador de transporte de passageiros e mercadorias às mãos do privados, não obstante de ser o IMTT a vistoriar todas as concessões, a não permitir concorrência directa e a definir um tecto máximo na bilhética. De resto...são livres para tudo. Na área de Lisboa e Setúbal, as empresas que comprassem partes da RN estariam apenas obrigadas a uma coisa: aceitar o passe social, pelo menos, nas carreiras da antiga rede da RN.
Assim, para acabar com a RN, aconteceu:
A Vimeca conseguiu o monopólio dos transportes na Amadora e Oeiras e mais tarde em Sintra e Cascais.
A Barraqueiro tem o monopólio da maioria do Oeste e uma grande parte de Loures, Odivelas, Caneças, Bucelas, Almada, Montijo e Seixal ao que se juntou o Algarve, o Alentejo, Setúbal, Palmela e Sesimbra em fases posteriores, não admitindo a entrada da Vimeca no território de Caneças ou Odivelas à excepção das carreiras que existiam no tempo da RN. É utópico hoje em dia pensar-se em ir da Amadora a Odivelas em transporte público, porque ele não existe devido a estas guerras entre empresas.
A Arriva foi entrando no Norte comendo empresa pequena em empresa pequena, tendo já uma dimensão enorme.
E a Transdev domina em grande parte do Douro Litoral e Braga. Tem uma forte presença em todas as Beiras, não actuando ainda em monopólio porque ainda consegue ter duas ou três rivais de média dimensão...até quando?
E mais. O fim de milhares de linhas de caminho de ferro em 1990 não foi inocente. O governo da altura sabia muito bem com que linhas se cosia.
Cessando a exploração ferroviária, a CP asseguraria durante um curto período de tempo o transporte ferroviário findo o qual a RN ficaria com as concessões.
Mas como a privatização da RN já estava em mente, o espectáculo já estava montado! Eliminava-se o principal
concorrente da rodovia de passageiros, que era o comboio, e todas as concessões de transporte público naquelas regiões ficariam nas mãos desses tais privados após o desmembramento da RN.