O que entendem por livre-arbítrio? Ele existe?
Eu entendo o livre-arbítrio como o poder de tomarmos as nossas próprias decisões e de escolhermos as nossas acções.
Embora todos gostemos de pensar e acreditar que o temos, acho que não passa de uma ilusão.
É verdade que podemos pensar e podemos escolher coisas, mas nunca pensamos a 100% por nós nem escolhemos o que queremos de verdade. Estamos sempre agarrados a um pensamento que nos foi incutido pela educação, pela sociedade, pela cultura. Nunca podemos pensar de modo "selvagem", como se nunca tivéssemos sido educados, sem estarmos inseridos numa sociedade ou cultura, porque se assim fossemos, provavelmente não seriamos racionais de todo, nem poderíamos pensar e reflectir, no verdadeiro sentido da palavra. Tudo se basearia nos instintos, impulsos e necessidades do momento.
Depois também existe a acção. Tal como as leis da física ordenam, para cada acção existe uma reacção. Para cada acto existe uma consequência. Estamos sempre condicionados às consequências no momento de actuarmos. Escolhemos e fazemos sempre (ou quase sempre) aquilo que tem uma melhor "qualidade-preço". Como quem diz, que nos satisfaça mais, com o mínimo de consequências negativas. Ou então, aquilo que nos insatisfaça menos, com o máximo de consequências positivas. As nossas acções estão sempre ali na zona do cinzento. Nunca são verdadeiramente pretas nem brancas. E com isto, acrescento também que o verdadeiro altruísmo também não existe. Todo o altruísmo, todos os sacrifícios que fazemos pelos outros, têm um objectivo egoísta de nos fazermos sentir bem com nós mesmos e pensar que fizemos algo de bom e que conseguimos fazer a diferença.
Agora, podem dizer: "Ah, dizes que não existe livre-arbítrio e que estamos condicionados por isto e por aquilo, mas somos nós que decidimos e escolhermos estar condicionados e ver as nossas acções limitadas. Logo é uma escolha nossa."
Ao qual eu respondo: "Pois, mas o que chamas de decisão racional, eu chamo de instinto básico de sobrevivência. Nunca escolhemos algo que sabemos à partida que nos faça mal e quando o fazemos é por algum motivo maior que compense pela positiva em algum aspecto."
- "Mas não deixa de ser uma decisão!"
"Mas não é uma escolha verdadeira. Está sempre condicionada."