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Escritores e Poetas da rede

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Ganymedes:
Olá a tod@s! ;)

E esta...? Um Tópico da Escrita em dia!... (Será que a moda vai pegar?)

Revolvam essas gavetas. Tenho a certeza que aí encontrarão autênticas peças de literatura escritas por vós. Poesia, prosa, cartas de amor, rascunhos em guardanapos ou lenços de papel... Tenho a certeza que este tópico irá ficar recheado de sentidas obras de arte literária (quanto mais não seja por serem sinceras).  ;)

(Aqueles que não se derem muito  artes da escrita, poderão sempre citar excertos de obras que apreciem e queiram partilhar com todos...)

Vamos a pegar nesses teclados, minha gente! 'Bora!   ::)
No fim fazemos um livro e, quem sabe, ainda ganhamos um Nobel! ;D ;D ;D.

Teremos por aqui alguns escritores?

Beijos a tod@s!  ;) :-*

Ganymedes:
«(...) Falava-lhe de como seria amar uma papoila. Espiava os meus argumentos como se o que lhe dissesse fosse o maior dos mistérios, como se lhe falasse numa língua cifrada. Dizia-lhe que amávamos uma papoila pela sua beleza, pela sua fealdade, por aquilo que era ou pelo que os nossos olhos viam nela: como amamos todas as coisas... sem que a razão as explique ou o Homem as compreenda. Dizia que não percebia, que nada do que lhe dizia fazia sentido.
Apaguei o cigarro e conclui a conversa. Disse-lhe que podia ou não gostar de um dia de chuva, mas que a chuva chovia e a água molhava. E que beleza estar a uma lareira abraçado ao meu amor!
Anuiu e foi-se embora. Nunca mais nos vimos. Não compreendeu... Soube depois que se casara e que a mulher o havia traído... Como lamentei falar por metáforas indecifráveis! Ou talvez, simplesmente, ele nunca pudesse perceber a beleza de um dia de chuva.»

(Autor desconhecido, séc. XXI)

bluejazz:
Eu não te escrevi nem uma linha desde a última vez, este tempo todo, não te disse nada, nem um recado te deixei. Não era preciso. Era preciso até demais. Fui escrevendo uns rabiscos, isso sim, numas folhas de embrulhar que, estúpida, deixei ficar em cima do ficheiro da Biblioteca Municipal. Felizmente que foi assim e não de outra maneira. Quem as encontrou, se as leu, não percebeu nada - só tu talvez, nem tu sequer - e se percebeu não percebeu que tinham a ver contigo, contigo e comigo e da maneira como eu estou contigo e não tenho outra nem quero ter. Quem as encontrou, nem sequer quero saber, talvez tenha ficado intrigado, um sentimento de que eu gosto, e tu não? Eu gosto mesmo. A sério, não é todos os dias. Aquilo que eu escrevi era só um código secreto de mim para mim passando inutilmente por ti. É que tu não tens nada a ver com isto. Tens tudo. Só que tu não sabes, nem vais saber, por isso são intrigantes, se alguém os leu, os meus rabiscos

Pedro Paixão, "Dias de 1995" in Viver Todos os Dias Cansa

mega:
Escrevi isto um mês depois de me assumir (para mim própria):

Sinto como se ácido estivesse a dissolver-me por dentro.
As lágrimas que saem dos meus olhos já não controlo; sem que pestanejee las continuam a saltar para fora.
A raiva que sinto só desaparece quando fecho os olhos e te vejo na minha mente dorida, e mesmo assim ainda tenho de me esforçar para não sair à tua procura, a esta hora, sozinha.
Tive de te telefonar, talvez a tua voz me fizesse bem, talvez conseguissed ormir hoje.
Dormi, sozinha.
 
5/Agosto/1999

Cristina

c:
Afrodite

Formosa.
Esses peitos pequenos, cheios.
Esse ventre, o seu redondo espraiado!
O vinco da cinta, o gracioso umbigo, o escorrido
das ancas, o púbis discreto ligeiramente alteado,
as coxas esbeltas, um joelho único suave e agudo,
o coto de um braço, o tronco robusto, a linha
cariciosa do ombro...
Afrodite, não chorei quando te descobri?
Aquele museu plácido, tantas memórias da Grécia
e de Roma!
Tantas figuras graves, de gestos nobres e de
frontes tranquilas, abstractas...
Mas aquela sala vasta, cheia, não era uma necró-
pole.
Era uma assembleia de amáveis espíritos, divaga-
dores, ente si trocando serenas, eternas e nunca
desprezadas razões formais.

Afrodite, Afrodite, tão humana e sem tempo...
O descanso desse teu gesto!
A perna que encobre a outra, que aperta o corpo.
A doce oferta desse pomo tentador: peito e ventre.
E um fumo, uma impressão tão subtil e tão pro-
vocante de pudor, de volúpia, de reserva, de
abandono...
Já passaram sobre ti dois mil anos?

Estranha obra de um homem!
Que doçura espalhas e que grandeza...
És o equilíbrio e a harmonia e não és senão corpo.
Não és mística, não exacerbas, não angústias.
Geras o sonho do amor.

Praxíteles.
Como pudeste criar Afrodite?
E não a macerar, delapidar, arruinar, na ânsia de
a vencer, gozar!
Tinha de assim ser.
Eternizaste-a!
A beleza, o desejo, a promessa, a doce carne...

Irene Lisboa



(Fala-se pouco de Irene Lisboa, não percebo porquê :(, mas assim é com muitos outros autores que o tempo pura e simplesmente deixa morrer.)



Gostei mesmo muito deste tópico, voltarei cá mais vezes ;D


Fiquem bem,
(c.)[/size]

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