SLUTWALK LISBOA - 25 JUNHO, 17.30H, LARGO CAMÕES
Em consonância com iniciativas semelhantes já realizadas em diversas cidades do mundo, um grupo de cidadãs e cidadãos resolveu organizar a SlutWalk de Lisboa para demonstrar a sua indignação contra a culpabilização que as mulheres continuam a sofrer enquanto vítimas de agressão sexual e contra a desresponsabilização do agressor, do qual o recente caso do psiquiatra João Villas Boas é um exemplo.
A organização desta marcha é efectuada por dezenas de pessoas com práticas e identidades sexuais, actividades profissionais e origens culturais, sociais e geográficas diversas, vinculadas a este objectivo comum, funcionando através de uma plataforma online, sem estrutura formal, totalmente voluntária e em contínuo crescimento.
Tal como as restantes SlutWalks, a marcha lisboeta centra-se na denúncia da violência de género e no combate ao discurso machista que objectifica o corpo das mulheres como uma provocação que justifica a agressão. No entanto, esta marcha não é só de mulheres para mulheres, mas sim de todxs e para todxs xs que desejam uma alteração da moral dominante, que garanta a liberdade individual de todas as pessoas, apoiando e protegendo as (potenciais) vítimas de violência sexual e responsabilizando apenas xs agressorxs.
Apelamos por isso à participação alargada de todxs xs que defendem o direito à justiça, à igualdade de género, à vivência segura do espaço público, à pluralidade e à liberdade sexual.
Dia 25 saímos à rua, tal como em Auckland e Wellington (Nova Zelândia), para exigir o respeito pela nossa vontade e pelo nosso corpo. Dia 25 seremos todxs SLUTs!
Mais informações: slutwalklisboa@gmail.com
Manifesto
SlutWalk* Lisboa – pela autodeterminação sexual em todas as circunstâncias
* SLUT, galdéria, desavergonhada, p***, descarada, vadia, badalhoca, fácil
Em Janeiro de 2011 um polícia afirmou em Toronto que as mulheres devem evitar vestir-se de forma provocante se não quiserem ser violadas. A SlutWalk Lisboa junta-se à vaga de indignação que esta afirmação causou um pouco por todo o mundo.
Recusamos totalmente a culpabilização das mulheres face a situações de violência sexual. Recusamos a cumplicidade com a agressão e com quem agride, seja pelo silêncio ou pela benevolência. Recusamos a objectificação e mercantilização dos corpos das mulheres. Mude-se as leis, mude-se quem agride. Mude-se a cultura patriarcal que diz às mulheres para não serem violadas, em vez de dizer aos homens para não violarem.
Mude-se a moral dominante, segundo a qual SLUTs somos todas nós, mulheres casadas, solteiras, viúvas ou divorciadas, heterossexuais ou lésbicas, bissexuais, assexuais, com ou sem companheirxs, monogâmicas ou não, com ou sem filhxs. SLUTs são todas as mulheres que não inibem gestos, emoções, desejos ou vontades, que vestem, falam e vivem de acordo com os seus próprios padrões, que se não vergam à moral dominante.
Se SLUT – galdéria, desavergonhada, p***, descarada, vadia, badalhoca, fácil – é uma mulher que decide sobre o seu corpo, sobre a sua sexualidade, e que procura prazer, então, somos SLUTs, sim!
Não queremos piropos sexistas, não queremos paternalismo, não queremos violência sexual. Dizemos não, por mais cidadania. Dizemos não, por mais democracia. Dizemos não, por mais liberdade.
Se ponho um decote… Não é Não!
Se pus aquelas calças de que tanto gostas… Não é Não!
Se uso burqa… Não é Não!
Se durmo com quem me apetece… Não é Não!
Se sou virgem… Não é Não!
Se passo naquela rua… Não é Não!
Se vamos para os copos… Não é Não!
Se me sinto vulnerável… Não é Não!
Se sou deficiente… Não é Não!
Se saio com xs maiores galdérixs…Não é Não!
Se ontem dormi contigo… Não é Não!
Se sou trabalhadora sexual… Não é Não!
Se és meu chefe… Não é Não!
Se somos casadxs, companheirxs, namoradxs… Não é Não!
Se sou tua paciente… Não é Não!
Se sou tua parente… Não é Não!
Se sou imigrante ilegal… Não é Não!
Se tenho relações poliamorosas… Não é Não!
Se sou empregada de hotel… Não é Não!
Se tens dúvidas se aquilo foi um sim, então… Não é Não!
Se és padre, imam, rabi ou poojary… Não é Não!
Se beijo outra mulher no meio da rua… Não é Não!
Se sou brasileira, cabo-verdiana, angolana ou de outro país que sofreu colonização… Não é Não!
Se tenho mamas e pila… Não é Não!
Se disse sim e já não me apetece… Não é Não!
Se sou empregada doméstica… Não é Não!
Se adoro ver pornografia… Não é Não!
Se ando à boleia… Não é Não!
Se estamos numa festa swing, numa sex party ou numa cena BDSM… Não é Não!
Se já abrimos o preservativo… Não é Não!
NÃO é sempre NÃO. Quando é SIM, não há ambiguidades ou dúvidas porque sabemos o que queremos e sabemos ser claras.
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