Arrisco-me a comentar este tópico, mas faço o mais com o intuito de problematizar, porque não me sinto totalmente competente para opinar sobre algo tão polémico.
Acho que há uma sub-cultura gay, sim. Mas será essa uma sub-cutura do tipo melting-pot, isto é, como uma panela (representadora da cultura) onde se coze um guisado composto pelos mais diversos ingredientes (representadores das várias sub-culturas), ou do tipo subculturas coexistentes, em que vive junta com outras sub-culturas, mas que não se mistura?
Porque se reparamos actualmente, em algumas partes do globo já existem lojas de roupa gay, agência de viagens gay, jogos desportivos gay, revistas gay, bairros gay. rádios gay, canais televisão gay, programas televisivos gay, serviços domésticos gay, entre outros tantos serviços gay, como impressa, médicos, advogados, canalizadores, bares, livrarias, hotéis, lares, etc. Será que se uma pessoa quiser, pode viver num mundo exclusivamente homossexual e não se relacionar, de modo algum, com a cultura heterossexual? Acho pois, que a tendência têm sido cada vez mais essa, especialmente nesses países/locais que falo. Como o exemplo que nos chega já aqui do lado, em Espanha, do bairro de Chueca, ou como o Cannal Street, ou como em Los Angeles (falo daquilo que vejo na série L Word). Mas e até que ponto isto é saudável? Não será que um tipo de vida exclusivamente gay é algo tão intolerante como a sociedade livre de preconceitos e “bem-pensante” que se pretende defender? É certo que todo esse ambiente gay faculta a sensação de protecção, reconhecimento e solidariedade, mas penso que também a auto marginalização e a imitação de condutas intolerantes mais próprias dos sistemas “mal-pensante” do que um colectivo que se pressupõe tolerante por definição. Por vezes, critica-se o diferente, do mesmo modo que o homossexual sempre foi marginalizado, atacado, insultado ou temido por ser diferente. E é o que a exacerbado exclusivismo homossexual na vida das pessoas, neste caso das homossexuais, irá trazer. Uma sub-cultura a não conviver com ou as outras, ou inevitavelmente a formação de uma cultura per si. Ninguém nasce com preconceitos demarcados no código genético, eles simplesmente vão-nos sendo incutidos pela cultura que nos rodeia. E que cultura será essa? Ou irá ser?
Zão.