Nesta altura, onde Portugal está literalmente a arder, é importante pensar nos bombeiros - respeitando o seu espírito de sacrifício. Mas não devíamos parar por aí! E os familiares dos mesmos? Pessoas que esperam horas (quiçá dias) por verem chegar quem amam a casa - quando chegam!
Como namorada de uma bombeira posso afirmar que custa imenso receber uma mensagem a referir "Vou para um fogo", aguardando horas por uma resposta, um simples sinal de "vida". Acredito não ser a única, mas ter um namoro à distância com uma bombeira é um prova de fogo.
Eu sou bombeira há já 5 anos.
Entendo o que dizes, a minha namorada "sofre do mesmo mal", e este ano implorou-me que não fizesse combate a incêndios pq morre de medo e preocupação. E, apesar de amar o que faço, compreendo a posição das namoradas, namorados e familias...
[/quote] Estar
do outro lado não é fácil. Por sentir empatia e compreensão perante a situação, decidi
alterar alguns planos que tinha delineados para o meu futuro. Sempre sonhei com uma carreira nas forças de segurança/protecção civil, correrias nas ambulâncias do INEM ou turnos atarefados na urgência... mas, à medida que cresci, percebi que tal não é compatível com a noção de família que pretendo para a minha vida, em concordância com os meus valores. Ainda ontem me disseram que os médicos são os profissionais com mais infelicidade e insucesso nas relações familiares, derivado do stress da profissão. E cada vez mais me arrependo das escolhas que fiz, enquanto ser
isolado e solitário, como a vida me moldou.

Tudo o que pretendo, daqui para a frente, é um reles emprego na Fnac/Continente/H&M e tempo para poder dedicar à minha futura família.
Não quero que os meus filhos venham a passar por tudo o que passei, com pais que vivem exclusivamente para o trabalho. Terem de passar mais de um dia sem ver qualquer um dos progenitores, irem receber os diplomas da escola sozinhos, sem um único familiar presente, não poderem ter uma festa de aniversário porque os pais estão demasiado focados no seu trabalho, etc... infelizmente esta é uma das realidades mais comuns nos nossos dias, principalmente nestas áreas.

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Sim, temos de nos conseguir pôr no lugar de quem está do outro lado, por muito que se goste do que se faz, não compensa uma vida demasiado atribulada com consequências para os que nos rodeiam.
O ano passado fiz a época de fogos toda, do inicio ao fim, este ano já não. Este ano fiz um turno apenas para desenrascar uma amiga. Entendo o que a minha familia e a minha namorada passam cada vez que entro naquele quartel... E sai de lá há pco..
Conheço vários casais em que ambos são bombeiros e sei como é dificil, para mim não dava. Um ainda se consegue gerir, agora 2 com turnos, horas de entrada e nca de sair, não é saudavél para uma familia...
Eu sou voluntária, mas vou concorrer ao próximo concurso de Municipais, sei que embora não achem grande "piada", vou ter o apoio da minha familia e da minha namorada, mas não vou abdicar do meu tempo em casa, do meu descanso para fazer turnos extra, nem agora nem depois. Com moderação tudo se consegue gerir

PsyGirl , eu sempre que vou para um fogo tento manter me contactavel e ir dando noticias sempre que possivel para tentar minimizar as preocupações e a espera..