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Carta aos pais...

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cacao:
Lembrei-me que muitos de nós aqui no fórum ainda não se assumiu aos pais. Quiçá por medo, vergonha, receio ou outro sentimento que nos faz andar para trás e viver no silêncio.

Aqui poderíamos, cada um de nós, escrever uma carta ao pais. Sem personalizar demasiado - Não é isso o importante! -, mas criar um espaço de partilha em que possamos ajudar-mo-nos mutuamente na nossa saída do armário aos familiares e amigos.

Como seria a tua carta?

Phoenix:
Ao ver este tópico, lembrei-me de uma carta que vi ha algum tempo no PortugalGay que achei muito interessante.


Para a minha querida família,

Estou a escrever-vos a carta mais importante da minha vida, e faço-o agora porque vos sinto muito perto do meu coração, e é porque eu vos sinto tão perto do meu coração, que sinto que vos amo tanto, que tenho que vos dizer a verdade acerca de mim.

Como é que pensam que eu sou? Eu sou tudo o que vocês sabem acerca de mim, tudo o que cada uma vós sabe acerca de mim, mais uma coisa muito importante, e que eu agora revelo: eu sou um homem que é capaz de amar outro homem, ou seja eu sou homossexual.

Desculpem-me se vos choco, talvez o facto de eu próprio não ter aceite a minha própria homossexualidade por muito tempo moldou a minha personalidade. Mas quem eu sou isso não mudou. Tudo o que vocês conhecem de mim não mudou. O que mudou ou mudará é a minha atitude perante mim próprio, tal como mudará a vossa atitude perante mim próprio. E a minha atitude perante mim mudou abrindo-me novas avenidas, novos caminhos na busca da minha felicidade.

Acreditem-me: não é uma escolha. Seria muito mais fácil para mim ser heterossexual. Mas eu preciso de ser honesto para comigo e para connvosco, e se esta é a realidade, porque é que eu haveria de mentir? Só porque causa do que os outros possam pensar? Ninguém escolheu ser heterossexual pois não? Pois bem, eu também não escolhi ser homossexual, e sé é assim que eu sou, o que eu vou fazer é procurar alguem para amar, e para me relacionar de acordo com o que eu acredito que vale a pena: os sentimentos.

Imaginam como foi viver com uma fobia tão grande dentro de mim, que me estava a empurrar e a apagar a minha própria vida, apagando a minha sexualidade. Mas eu não fui capaz de o fazer, porque este tipo de sexualidade existe em 10% das pessoas, de todos os homens e das mulheres. Tal como há uma percentagem da população que escreve com a mão esquerda, ou tem olhos de outra cor. As concepções que a nossa sociedade nos força a aceitar, arrastam-nos para a condenação, e para o preconceito.

Mas eu não sou a minha sexualidade, e não quero ser julgado por ela. A minha sexualidade é apenas uma parte significativa de quem eu sou. Eu não estou a pedir que me compreendam: ninguém quer ser compreendido por que é que escreve com a mão esquerda ou com a mão direita, ou porque é que mede um metro e setenta ou um metro e oitenta. Simplesmente aceita-se que essa pessoa é assim.

Gostaria que me escrevessem e que me dissessem aquilo que pensam mas sobretudo aquilo que sentem, era muito injusto para todos nós se eu não vos dissesse isto, porque eu estava a ser incompleto. Eu sei que estou a arriscar tudo a partir desta carta, mas vocês são quem eu mais amo no mundo e são vocês quem eu guardarei sempre no meu coração aconteça o que acontecer.

Apenas agora eu sou o verdadeiro Carlos para vocês, mas sempre o vosso filho, o vosso irmão, o vosso cunhado, o vosso tio,

Carlos.

fonte: http://portugalgay.pt/assumir/index.asp?5

nakedboy:
Não tinha reparado neste tópico :-[

Pai, Mãe
Tenho uma coisa para vos dizer. Uma coisa que me tem atormentado muito em mim. Algo que já ando pra vos contar há  imenso tempo, mas por várias razões nunca se proporcionou. E eu como não gosto de viver na mentira, tem sido difícil estes tempos.
Por isso acho que é mais fácil, dizer-vos em palavras, para poderem reflectir no que vão acabar de ler.
Pai, Mãe, sou homossexual.
Eu sei que vos custa, mas se calhar até já desconfiavam de alguma coisa que não estava bem.
Sei que não era isso que vocês tinham pensado para a minha vida. Emprego estável, casa, Mulher, filhos...
Mas se vocês querem de facto ver-me felizes, têm que me aceitar assim, como sou, porque é assim que estou a ser feliz. Sou feliz ao lado de pessoas do mesmo sexo.
Continuarei a ser o vosso filho, independentemente de tudo.
Agora serei mais feliz, não tendo que esconder este tormento de vocês. Já não terei que mentir para onde vou, nem com quem estou. Agora sim, sou o vosso verdadeiro filho que sempre defendeu os valores que vocês me ensinaram. Amo-vos muito :-*

seraphine:
Mãe... Pai...

Não espero de vocês a melhor reacção ao que tenho para vos dizer há já algum tempo... não planeei escrevê-lo, mas não sou capaz de continuar nisto por mais tempo, nesta mentira, a assumir o peso de algumas das expectativas que sei que vocês depõem em mim e a que eu serei, jamais, capaz de corresponder, por isso vos escrevo... talvez já saibam, talvez isto seja tudo desnecessário, mas quando os vossos olhos pousarem nestas linhas eu espero já estar bem longe para não ter que reparar noutros gestos, palavras e expressões que me firam ainda mais do que outros que vocês têm insistido em usar desde sempre, sobretudo ultimamente...

Sim, sou homossexual, uma dessas aberrações que vocês abominam, um desses "bichos" que tanto vos repugna e serve de matéria para piadas subtis, mas a culpa não é minha. Não é vossa. Não é de ninguém. Gostaria que não voltassem a procurar-me; não preciso de pena, de mais guerras, nem de mais olhares estranhos... preciso de estar só, comigo, de viver a minha vida, de ser quem sou sem vergonha, medo, sentimentos de culpa... não Mãe, não erraste em nada; não Pai, tu também não; não pensem nisto como um erro da natureza... é um facto, não é uma doença; é um atributo meu tão natural como o facto de ser rapariga, não o resultado de algum erro vosso... eu levei muito tempo para perceber isto e por isso não espero que o entendam já; sei que não é fácil nem é um assunto que, sobretudo para vocês, possa ser encarado de ânimo leve...

Não me procurem, por favor... não sintam culpa de nada, não se consumam em interrogações vãs e mútuas por causa disto... isto é um assunto meu... lamento se logrei os vossos sonhos, os vossos desejos, as vossas expectativas, a vossa vontade de ter uma filha "normal", mas eu preciso demasiado de ser feliz para poder abdicar daquilo que sou. Perdoem-me as noites a chegar a casa com os olhos enevoados do choro e os silêncios suspeitos calados atrás da porta do meu quarto, mas acreditem que não podia ter sido de maneira diferente.

Eu vou viver com isto. E procurar ser feliz. A única coisa que vos peço é que respeitem estes parágrafos que tão dificilmente sairam de todo este silêncio de anos, não que aceitem, que procurem lidar com o assunto e, muito menos, justificar seja o que for... eu preciso disto, acreditem. Lamento que as coisas não tenham funcionado melhor entre nós e, talvez, o facto de não ter tido a coragem suficiente para vos dizer a verdade... cara a cara. Não escrevi isto para vos fazer sofrer, mas para vos poupar das dúvidas que talvez já tivessem tido e sobretudo para cessar com a mentira, e poupar-me de mais dor...

Desculpem-me se não queriam saber, se sentem que vos teria podido poupar disto... mas sinto que não podia ter sido de outra forma...

Um Adeus... sem beijinhos, sem abraços... um obrigado por terem lido isto até ao fim... um pedido de desculpas se foi demasiado brusco para vocês lê-lo assim, tão de surpresa e quase sem jeito, mas não permitam que isto afecte em nada a vossa vida... eu vou viver a minha; não vos peço nada, não precisam de voltar a encarar-me nem de facilitar esforços... espero que fiquem bem, de todo o coração...

Seraphine

(Nunca tencionei contar aos meus pais, por isso esta carta não tem fundamento algum... de qualquer modo, penso que estas seriam as minhas palavras, se a minha opção fosse outra...)

Salut:
Salut  :curtain

Seraphine és uma rapariga muito especial olha ao ler a tua carta começeu a chorar  :'( :'(
És uma linda, uma pessoa fantástica, gostava imenso de um dia te ver feliz a 200% e espero ainda o ver nem que seja em espirito  :'(
Ai miga tou aqui desfeito  :'(  [smiley=choro.gif]

Bem agora a minha

Bem mãe, já sabes o que sou, dizes que me aceitas mas nem á rua sais comigo vais fazer 4 meses que não sais comigo  :'( tenhes nojo? Sim eu sei que tens vergonha.
Lamento sempre te contei tudo, agora perdi a tua confiança e tua a minha, nem te digo que sou bipolar para que? Para teres ainda mais vergonha  :'(
Nem sabes que nestes ultimos meses me tentei suicidar umas tantas vezes  :'(
Pai nunca o tive mas sempre te respeitei. Nunca me chamás-te filho, nunca me levás-te a passear nunca tives-te presente, á poucos dias tives muito mal no hospital, eu coloquei todo o odeio de parte e acompanhei-te sempre, os teus filhos não vi lá nenhum. Não sabes a dor que tive ao ver a tua amante a entrar e a perguntar quem eu era? Nunca lhe tinhas falado de mim  :'(. Quando sais-te do hospital até boleia me davas, quando descubris-te que sou gay, acelarás-te o carro e quase me atropelás-te  :'(. Mesmo assim chegei a casa e deite um beijo e tu virás-te a cara para o lado  :'(
Tenho muita pena que na minha frente digam que me aceitam e por trás me façam isto, mas eu não pedi para nascer, e tu mãe devias ter seguido o conselho da minha avó em fazeres um aborto assim poupavas-te de tanto sofrimento  :'(
Tou muito triste muito só, mas sabes que isto vai durar pouco  :'(
Mas se desapareçer, já vais poder andar de cara levantada na rua, e poder dizer como sempre dizias os meus filhos são perfeitos :'(

Espero que sejam feliz daqui para a frente sem este aborto esta aberração da natureza ao cimo da terra  :'(
Mas ficas a saber mãe que sempre te amei muito, muito mesmo  :-*
E pai se é isto que te posso chamar, terás sempre o meu respeito mas nunca o meu amor  :'( :-*

Salut

(Esta possivelmente será a carta que vou escrever minutos antes de por fim á minha vida  :'()

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