Eu contei ao meu pai e à minha madrasta, em conjunto com o meu namorado aos 25 anos. Não contei à minha mãe pois ela tinha falecido uns meses antes devido à doença oncológica que lhe apareceu 2 anos antes.
Também queria ter contado a ela mas o facto de ter adoecido fez me mudar de ideias, pois não quis que ela tivesse nenhum possivel sofrimento adicional nos últimos tempos de vida.
O facto de ela ter falecido acelerou o meu coming out pois vi que a vida é curta e rápida e não quis adiar mais o meu bem estar e felicidade, quis ser eu próprio de uma vez por todas sem mentiras, ou seja, ter uma relação muito mais próxima e verdadeira com a minha família e ter o seu apoio para poder ser uma pessoa mais feliz e forte para enfrentar o dia a dia, que já não é fácil para os LGBT.
A importância para mim, é sentir um alivio por ser verdadeiro, quebrar barreiras, evitar mentiras que desgastam, aproximação sincera à minha família e saber que estavam com, e amavam, o meu verdadeiro EU.
Sentir liberdade de falar sobre o assunto que tem a ver comigo, de levar o meu namorado a casa, estarmos todos juntos como família, ou seja, falar e fazer tudo aquilo que se fosse heterossexual poderia fazer em minha casa. Sentir-me são mentalmente! Ter uma vida comum e perfeitamente normal, mas sendo homossexual. Poder falar sobre a homossexualidade sem tabus e receios com eles, e até possivelmente algum dia, algum assunto relacionado com o meu namorado caso fosse preciso. Falar sobre os receios que tive e tenho por vezes por ser homossexual, etc pra me poderem apoiar caso fosse preciso.
Por tudo isto, penso que é positivo o coming out, no caso de se achar que os pais vão compreender ou pelo menos irão fazer um esforço. Caso contrário, é melhor esperar até ter a certeza que não nos iremos prejudicar muito caso a reacção seja má pois pode ser muito pior do que antes. De qualquer forma, penso que o ideal para a nossa vida é poder sermos quem somos e tentar lutar por isso o mais rápido possível, mas contando sempre com o pior que pode acontecer e estar primeiramente preparado pra isso.
O meu caso foi o segundo, infelizmente, por isso só consegui aos 25 anos, estando preparado pro caso de as coisas não correrem como desejaria. O meu coming out correu bem e fiquei muito feliz com o apoio dado no momento. Infelizmente, com o decorrer do tempo as coisas foram piorando, penso que devido à má influência da minha tia ao meu Pai quando este lhe contou, e ele começou a regredir na aceitação inicial, ficando cada vez pior. De qualquer forma, não me arrependo e sinto me muito mais equilibrado e feliz que antes. Se dependesse dele seria pior, mas não é o caso.