Há algumas semanas recebi os resultados de um "check-up" que pedi à minha médica. Negativo para quase tudo (HIV, sífilis, etc), mas positivo para o Herpes I (o vírus que causa o herpes labial e quase todos nós temos) e Herpes II, o que provoca lesões genitais. A médica estava mais preocupada com o meu nível de colesterol, e eu pensei que um herpes era algo banal e que não teria mais consequências.
Foi quando entrei na Net e comecei a visitar os sites americanos que o terror desabou em mim. Na América isto parece carregar um estigma pior que o da SIDA, e os fóruns estão repletos de gente em agonia que pensa que a vida acabou, que nunca mais poderão ter sexo com ninguém - e se o fizerem, mesmo com protecção, mas nao avisarem os parceiros que possuem o vírus, podem acabar na prisão. A maior parte da informação que encontro na Net parece andar nessa onda (isto apesar de ser um vírus que 1 em cada 4 ou 5 pessoas carregam nos EUA; calcula-se que na Europa não seja muito diferente). O vírus parece ter criado uma sociedade paralela de "sofredores" nos EUA, pessoas que sabem ser positivas e que vivem no terror de ser descobertas e estigmatizadas - a doença é associada a promiscuidade. As histórias que li eram incríveis.
Confesso que me sinto desesperado neste momento e não sei lidar com isto. Leio que a doença, ou condição, pode ser transmitida por simples contacto de pele com pele, sendo o preservativo inútil em certos casos, e que esta é transmitida mesmo sem nenhuma lesão ou erupção visível. Há centenas de estudos financiados pelas companhias farmaceuticas que vendem anti-virais para o herpes que indicam que as pessoas infectadas "libertam" vírus pela pele a maior parte do tempo. Como lidar com algo assim? Se o simples contacto de pele pode infectar outra pessoa, então isto deve ser pior que a SIDA...
Ficava agradecido por qualquer comentário sobre este assunto. Ainda não percebi como é esta situação abordada em Portugal. A mim disseram-me que o tratamento episódico das recorrencias era tudo o que era preciso. Nos sites americanos as pessoas são aterrorizadas a comprar medicação diária que suprime o vírus (medicamentos como o Valtrex da Glaxo Smith Klein) e, dizem, reduz a taxa de libertação do virus e sua infecciosidade.
Abraços
P.