Bom eu andava a passear pelos tópicos aqui da ex-aequo, quando me deparei com um post, que me deixou intrigado e mesmo chocado.
Tomei a iniciativa de trazer a citação geradora de tal perplexidade, de alguém que decidiu confrontar a sua homossexualidade com os pais.
Contei, estupidamente (já me arrependi milhentas vezes de o ter feito), em Março ao meu pai, e em Abril à minha mãe. Foi (e é) um grande pesadelo, em grande parte porque os meus pais são as pessoas mais homofóbicas que conheço.
Entretanto, um último comentário, acerca de os pais "dizerem coisas da boca para fora". Da quantidade de vezes que, dissimuladamente, a minha mãe já me chamou coisas como "doente", "inútil" e "anormal"
, duvido seriamente que tenha sido "da boca para fora"... Fica levantada a questão. Dói, quando são os próprios pais a discriminarem-nos...
Eu gostaria de saber a vossa reacção perante tal situação, o que fariam se contassem aos vossos pais sobre a vossa homossexualidade e eles respondessem com agressão verbal (discriminação)?
Se já contaste aos teus pais, conta-nos também um pouco a tua experiência 
Hehehe. Acho que tenho de agradecer ao CineFan

Afinal, sou directamente visado nesta thread e ainda não a conhecia...

Que conste que mudei ligeiramente a minha opinião desde essa altura. Foi mau contar aos meus pais, muito mau mesmo, mas como costumo dizer, tinha de o fazer, e se fosse hoje voltava a fazê-lo. Tinha chegado a um ponto da minha vida em que TINHA de contar, se não ía acabar numa morgue.
Com quatro anos de atraso (ainda vou a tempo, não vou?), fica o meu input, para além do que já foi referido no primeiro post: no início, quer o meu pai quer a minha mãe (e especialmente a minha mãe) eram bastante "verbais" na sua homofobia.
Quatro anos depois, passou-se para um silêncio ensurdecedor, igualmente mau. Simplesmente não se fala no assunto.
Infelizmente, ainda continuo a não ter verba suficiente para sair de casa (as rendas de casa são estranhamente altas na minha cidade, fica MUITO mais barato comprar casa...

); e, quando tive oportunidade de fazer um ÓPTIMO negócio num T1 (bem, em dois diferentes, mas um deles seria especialmente bom), a minha mãe fez o favor de dizer que considera "escandaloso" eu querer sair de casa, e recusou-se a ser fiadora (disse que sim, mas, porém, contudo, todavia, e já sei que se pagasse para ver o bluff me ía sair do bolso).
Isto, pasme-se, quando nem lhe pedia que pagasse rigorosamente nada, e sendo certo que, não assim há tanto tempo atrás, basicamente obrigou o meu irmão a comprar casa (eu queria um T1, o meu irmão, ainda solteiro, mudou-se para uma vivenda geminada com 4 quartos e 3 andares...), é fiadora dele, e pagou-lhe o empréstimo durante anos.
Se já não os podia ver antes, agora então as coisas azedaram mesmo, como é bom de ver...
No meio disto tudo as minhas grandes preocupações são com a velocidade (lenta) com que consigo guardar dinheiro (ainda é bastante, mas a este ritmo preciso de mais quatro anos só para poder atirar-me de cabeça a uma casa, e se tudo correr pelo melhor), com o meu namorado (longa distância, estava mesmo a contar poder escrever esta mensagem na minha casa nova, onde ele pudesse ir), e com o facto de um dia ficar francamente doente por estar a guardar este rancor todo cá dentro. Já fui parar ao hospital uma vez com sintomas que já não tinha há mais de dez anos, e se continua assim vai voltar a acontecer. Ou então vou perder a cabeça e ainda digo algum disparate ou bato em alguém, e lá se vai a minha carreira pelo cano...
Enfim, adiante. Boa sorte para todos. E vão por mim quando vos digo que sair do armário em relação aos nossos pais tem de ser algo muito bem planeado (ou então em desespero de causa, como comigo, mas isso geralmente não acontece). E, em caso de dúvida na reacção, se não sentirem que é algo que tenham de fazer, deixem estar. As piores dores de cabeça que podemos ter é com a família directa. Das duas, uma: ou a relação com eles é tão boa que antes de contarem eles já sabem (yeah, right... like THAT's gonna happen), ou então a única razão para saberem é em virtude de necessidades imperiosas VOSSAS, e não deles, ou familiares.
Cumps.
Miguel