Psicólogos: transexualidade??

[Van_Yuki]

Procurei pelo fórum e não encontrei a ajuda que procurava.

Gostava de saber se me podiam referir psicólogos (ou algo do género) na área de Lisboa com especialidade na transexualidade. Eu considero-me como tal e hoje ganhei coragem para dizer à minha mãe. Ela ficou chocada, não conseguiu compreender muito bem e disse que eu devia procurar ajuda médica. Talvez ela tenha razão, pois com um especialista até eu teria 100% a certeza daquilo que sinto.

Se me puderem ajudar...

Obgdo.

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Acho óptimo que tenhas finalmente ganho coragem para te revelares e te assumires sobretudo a ti própria (próprio? ) independentemente do que vier no futuro. O primeiro passo é de facto expor e ajudar-nos Quanto à tua mãe dá-lhe tempo. Eu sei o quão complicado foi aqui mas também sei o quanto orgulhoso ficava de mim a cada dia pela luta que era e pelos progressos vividos. Depende um pouco de ti o dia de hoje e o dia de amanhã mas acima de tudo, tudo se prende com a união. O facto de te dizer que o melhor era procurares ajuda é óptimo. É sinal de encaminhamento! Força!

Quanto ao pedido, conheço alguns psicologos do público e conheço um ou outro do privado. Tens de momento dois sectores que podes contactar em Lisboa: Santa Maria e Júlio de Matos, sendo que, apesar de estar actualmente com alguns problemas internos, eu te recomendaria o JM. Em Coimbra também tens, onde podes contar com a presença do psiquiatra Allan Gomes que te ajudará de uma forma comovente mesmo e tens no Porto um sector todo ele privado mas que com sorte te atendem através do SNS. Tens de me dizer qual a área que pretendes e o que tinhas em mente. Se preferires falar por mp, estou igualmente disponível. Deixo-te à vontade para que me digas como quiseres o que realmente gostarias

Uma vez mais muita força para ti!

[Van_Yuki]

O meu objectivo em recorrer a um psicólogo é acima de tudo ter a certeza de que sou transexual e que não se trata de qualquer outro problema mental. É nessa área que necessito de ajuda... Quero ter a certeza daquilo que sou.

Agradeço a referencia de pessoas que possam ajudar noutras cidades, mas para mim é complicado se não for dentro de Lisboa.

Se eu recorresse a Santa Maria, quem poderia "procurar"? Qualquer psicólogo de Santa Maria serve para este caso?

[Azula]

Olá, Van_Yuki, talvez queiras dar uma olhadela á lista de psicoterapeutas LGBT friendly que a rede ex aequo reuniu, no link abaixo:

http://www.ex-aequo.web.pt/psicoterapeutas.html

Boa sorte para ti 

[Van_Yuki]

Esqueci-me de referir... ouvi dizer que o Hospital Santa Maria discrimina transexuais. 

Já não sei o que pensar. Talvez seja melhor esquecer esse Hospital por via das duvidas.

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Desculpa não ter respondido mais cedo. Para além de não ter podido, aproveitei e, por o Júlio de Matos se encontrar com alguns problemas, contactei os seus serviços para ter certezas de tudo.

Antes de mais, havia-te dado essas indicações por não saber em que ponto do país quererias as consultas, deixando-te por isso à vontade. Depois tens efectivamente as sugestões da rede, que agradeço à Azula ter partilhado, mas eu sugeria-te outros passos. Será de notar que em Lisboa tens de facto duas escolhas - Santa Maria e Júlio de Matos -e ambos são extremamente diferentes, estando o Júlio de Matos substancialmente melhor preparado. Contrariamente ao que dizes, o Santa Maria não discrimina os transsexuais. Essa questão é bem mais complexa e podemos efectivamente debatê-la mas o importante será dizer-te que o que se passa é que cada médico tem a sua maneira de lidar com estes casos e a maneira dos médicos do Santa Maria não é de todo a melhor devido a pressões exageradas e descuidos de atenção e cuidado nos processos variados que lhes passam pelas mãos. Já o Júlio de Matos, ainda que - opinião pessoal - também mal gerido, tem todo um sector de apoio e de acompanhamento pessoal e familiar (pares incluídos) que o enaltece em comparação com o Santa Maria.

Para lá chegares precisas então de te dirijires ao teu médico de família, expor-lhe a tua situação e pedir-lhe uma credencial anexada a um relatório quue indique precisamente a tua situação. Em seguida dirijes-te ao Hospital pretendido e entregas essa carta, dizendo que pretendes acompanhamento de um sexologo. Se efectivamente optares pelo Júlio de Matos, dirije-te ao pavilhão de psicologia comportamental e apresenta a carta. Terás nessa altura a escolha entre psicologia comportamental e sexologia e, pelos psicologos que apanharás, recomendo a sexologia. São bem mais aptos e bem mais próximos.

Posto isto, terás a marcação de uma consulta de triagem onde se abordará a tua situação e se te encaminhará para um período de avaliação em conversas e questionários para que os psicologos te possam chegar melhor a ti.

Qualquer dúvida, não hesites. Muita força e uma vez mais felicito-te por essa decisão. Acima de tudo tirarás todas essas dúvidas e esses tormentos que possas ter

[Van_Yuki]

Agradeço a informação. O problema é que não tenho médico de família e dessa forma não sei como devo fazer para chegar ao Júlio de Matos.

Eu não me sinto lá muito feliz... A conversa com a minha mãe foi tudo menos libertadora. Sinto-me mal, tenho raiva dela pelas coisas que me disse e estou completamente à toa no que diz respeito à minha vida. Não sei o que fazer para deixar de sentir tanto ódio e desespero.

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Tens algum médico a quem possas recorrer para isto?

Eu passei por algo parecido (ainda passo no que a mim diz respeito) mas sinceramente o ideal é tantar compreender que há tabús sociais, há deturpações de factos e há toda uma realidade que os outros não conhecem/percebem que acabam por afectar tudo quanto a nós diz respeito. Compete-te a ti dar a volta a isto. Tenta chegar à tua mãe mas vais ver que também quanto mais souberes de ti mais saberás e poderás dar. Agora, dá um tempo e sobretudo tenta perdoar. As pessoas não têm a culpa de não saber. A educação moldou-as assim. Agora é tentar mudar

[Van_Yuki]

Eu não faço ideia a que médico recorrer.  Compreendo que deveria ser um médico de família, por nos conhecer e ajudar, mas nunca tive um.

Desta forma não sei como posso fazer...

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Bom mas tens algum médico? Hás-de ter algum acompanhamento ou não? Se não tiveres tenta-se arranjar um, se não eu tento contactar as pessoas que me acompanham e digo-te algo

[Van_Yuki]

   Eu nunca tive nenhum médico especial. Não há nenhum médico que eu vá ver com regularidade, nada.

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Hm. Não te preocupes que a gente dá a volta à questão. Amanhã já te digo algo Entretanto, tudo operacional aí por casa? - dentro dos possíveis, claro está.

[Van_Yuki]

Agradeço muito, Wiegenkatze   

Cá em casa... Bem, ontem à noite a minha mãe falou comigo outra vez (embora muito pouco, apenas uns minutos, porque só nos vemos pela hora do jantar e com os trabalhos que ela tem de fazer, pouco tempo temos para falar). Ela pediu-me desculpa pela atitude dela, que sabe que se exaltou um pouco porque ficou chocada, mas que é minha mãe e eu lhe devia dar um tempo para compreender as coisas.

Senti-me melhor depois de ela dizer aquilo. Claro que ainda há alguma "tensão", mas está melhor. Eu principalmente sinto-me muito melhor depois de ter falado sobre isto com ela e com os meus amigos mais próximos, que nem acharam nada de especial (isto é, não se passaram... São bons amigos, caso contrário não lhes teria contado nada).

Mais uma vez, obrigado a todos 

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Sim, quando estamos bem acompanhados é tudo bem mais fácil. Custa que nos digam que choca e custa que se exaltem mas no fundo sabemos por que motivos é e a força está no acreditar quue tudo quanto é verde, amadurece Fico muito feliz por essa atitude da tua mãe

Mais daqui a pouco já te trago respostas que também ando a ver se contacto um ou outro psicologo conhecido

[Van_Yuki]

Quero pedir desculpa a todos os que me tentaram ajudar, principalmente a ti Wiegenkatze...

Ontem à noite a minha mãe percebeu REALMENTE a minha situação... e nunca sofri tanto na minha vida como na noite passada. Desde nomes a ameaças (como por-me na rua), ouvi de tudo.

Hoje a minha mãe acordou, como se nada de especial se tivesse passado e disse que isto ia passar-me. E agiu o dia todo como se nunca lhe tivesse contado nada.

Eu perdi todas as minhas esperanças de um dia vir a mudar a minha vida de forma a satisfazer-me, entre muitas outras coisas... Não aguento a pressão. Vou simplesmente aguentar a dor de me sentir deslocada e vou seguir em frente... a sós.

De qualquer forma, obrigado por tudo...

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Não peças desculpa, não magoes a tua mãe, não te condenes e sobretudo não cruzes os braços!

No início é sempre difícil a digestão de tudo o que é dito e é sempre uma batalha que às vezes parece bem mais complicada do que aquilo que realmente é. As coisas não são fáceis com familiares, amigos, médicos... connosco próprios... mas a verdade é que são sempre tão mais complicadas quão mais as tornemos assim. Parte muito de nós toda a nossa evolução porque feliz ou infelizmente pouquíssimos são os que por isto passam e pouquíssimos são os que isto poderão entender. Se te rendes ao primeiro desafio dentro do que te espera toda esta fase, como tencionas chegar ao fim? Parece sempre impossível mas não estás só! Agora tens é de arranjar maneira de contornar tudo isto e sobretudo tentar arranjar o melhor apoio possível para teres força para enfrentar o que te possa pretender bloquear(e aqui nomeadamente o apoio de médicos poder-te-á ser bastante útil!). Tenta chegar à tua avaliação seja de que maneira for só para que tenhas certeza de quem és e ganhes força para, independentemente do caminho, conseguires efectivamente concretizar-te com sucesso! O resto para ser moldado precisa que estejas bem. Trata, então, primeiro de ti!

Num à parte, não disse ainda nada sobre os médicos e como proceder porque agora só segunda poderei ter respostas definitivas e seguras, ok? Não esqueci