Se o rótulo de "maria-rapaz" define aquilo que aqui temos falado, fui de facto um pouco em criança.
O meu melhor amigo até aos 9 anos foi um rapaz. Tinha a tendência para ter mais amigos rapazes do que raparigas, mas em suma a maior parte do tempo era só mesmo o Miguel e eu. Viviamos no nosso mundo.

Muita gente gozava connosco dizendo que eramos namorados, ao que nós coravamos que nem tomates.
A partir da 4ª classe comecei a dar-me mais com raparigas e até participava com muito gozo nos desfiles de moda em que tinhamos de fazer o "proibido", que era tirar as batas e vesti-las de um modo original (as freiras lá de vez em quando vinham resmungar para vestimo-las!)...

Ah, usava saias sem problemas, mas lembro-me que a partir dos 12 anos (em que comecei a escolher sempre o que vestia) comecei a usá-las muito pouco... até hoje.

Continuo a não ter problemas em usá-las, mas acho-as em geral pouco confortáveis, comparadas as calças.

Gostava pouco de brincar com bonecas: só me lembro de adorar as minhas barriguitas e de só brincar com o chorão da minha irmã quando as minhas primas lá iam a casa. Sei que brinquei com carros com o meu irmão, playmobiles com amigos, etc, mas de resto não me lembro de mais nada...
Também tinha a mania das aventuras, mas moderadamente (bastante), e fazia parte da classe de raparigas que não se assustava facilmente.

Quando era para pôr as raparigas aos gritos com animais viscosos ou pouco atractivos já nem vinham a mim porque diziam que eu não tinha medo e por isso não tinha piada...
Ah, e adorava jogar futebol (ainda adoro!)... também tive uma fase de achar os rapazes mais interessantes porque as raparigas me pareciam demasiado histéricas ou fúteis...

Mas isso depressa passou depois dos 10 anos e quem passei a achar umas pessoas "sem ponta por onde pegar" foram os rapazes que achava extremamente infantis... nobody is perfect.

Aos 16 anos voltei a fazer amizades muito boas com rapazes (aos quais também toda a gente me queria "acasamentar" :-/). Digamos que nessa altura voltei ao equilibrio (ou algo do género!)...

Pode ter sido coincidência também de por azar entretanto não ter conhecido rapazes por quem sentisse verdadeira afinidade (não era que não me desse com eles, mas simplesmente não eram grandes amigos!)
Hoje em dia, se vamos usar rótulos, em geral acho-me mais feminina do que masculina, mas tenho plena consciência que conjugo em mim boas doses de ambas as "ditas" cartacterísticas.

É de pensar se somos só a excepção ou se as outras pessoas é que são muito condicionadas nos comportamentos...

PS. Na última vez que vi a minha professora da primária (devia ter 17 anos, acho), lembro-me que se virou: "Tu eras muito maria-rapaz"... e eu "gulp"...

A minha amiga Cristina veio logo dizer "ah mas ela agora é muito feminina"... e eu só ria-me e assobiava por dentro.
