Será que as rádios não virtuais têm tendência em ter menos ouvintes e acabar?

[Diotima]

Será que as rádios não virtuais têm tendência em ter menos ouvintes e acabar mesmo? Vocês ouvem rádios como a Comercial, RFM, Cidade, Antena 3 ou outras? O que é que está mal na rádio em Portugal?

[Shine_F]

Acabar não digo, mas tendência a haver menos é capaz. Mas por exemplo continua a haver milhares de condutores a ouvir rádio todos os dias em que conduzem. Eu pessoalmente não ouço sem ser no carro, mas no carro só ouço rádio a não ser que não tenha rede. O que está mal, talvez demasiados anúncios e passarem tanto uma música que acaba por enjoar. Há tantas outras do mesmo artista que podiam passar mas não...

[_ricardo_]

Eu sou um adepto inveterado da rádio, e acho que em casa passo mais tempo a ouvir rádio do que a ver televisão, porque ouvir rádio deixa-me sempre livre para fazer qualquer outra coisa ao mesmo tempo enquanto que com a televisão já não é assim. Acho que contra todas as expectativas a rádio está hoje muito mais pujante do que seria de esperar há uns anos atrás se nos perguntassem como acharíamos que seria a rádio em 2013.

Tal como a televisão já não se vê da mesma maneira que há 10 ou 15 anos atrás, o modo de ouvir rádio também está muito diferente.  Com a televisão temos as gravações, que hoje em dia são uma coisa banalíssima e que te permitem ver o programa que quiseres à hora que quiseres - basicamente tu fazes a tua própria programação. Com a rádio passa-se um pouco o mesmo com os podcasts. Por isso, continua-se a ouvir rádio, mas de maneira diferente. E na minha opinião a rádio soube-se adaptar bastante bem aos novos tempos, na medida em que é muito mais interactiva que a televisão, por exemplo. Com o facebook, twitter, webcams, etc., estás quase em permanente contacto com o locutor, e aquilo que dantes era um monólogo (o locutor falava e as pessoas ouviam) tornou-se de facto numa conversa em que tu e os restantes ouvintes interagem com quem está do outro lado.

As rádios que mais ouço são a Antena 3 para música e a TSF para notícias, reportagens, sugestões culturais, etc.

[Diotima]

Eu gosto muito de rádio mas não gosto da rádio em Portugal. Acho as músicas demasiado comerciais e publicidade a mais. Mas o que me irrita mais é a música que passam . Agora fixei-me na TSF, mas não estou inteiramente satisfeita. O que tem piada é que ouço uma rádio notícias para ouvir alguma música de jeito. Quanto à forma de ouvir rádio, eu faço-o de maneira mais tradicional. Gosto, por exemplo, de uma coisa que nem toda a gente gosta que é acompanhar a programação. A rádio faz-me companhia e, tal como o fórum onde gosto de partilhar o espaço com outras pessoas, na rádio gosto de saber que outras pessoas estão a ouvir o mesmo que eu. Por isso não uso tanto os podcasts.

[Mr Unchained]

Um dos grandes mal da rádio é as playlists demasiado repetitivas e os conteúdos desinteressantes. Eu adoro rádio, mas ouço cada vez menos.

[sunquick]

Como algumas pessoas fizeram a comparação entre a rádio e  televisão, eu acho útil fazer também a comparação entre a rádio e a imprensa escrita. No caso desta última, a internet e os meios de publicação digitais abriram novos canais de distribuição de conteúdos, criando novos nichos de mercado e um sem número de novas publicações criadas para ir de encontro aos novos públicos. Estas publicações podem ter menos leitores, mas são mais específicas nos seus conteúdos, o que faz com que as publicações tradicionalmente mais importantes e generalistas percam importância relativamente aos seus novos concorrentes.

Na  rádio, o meio digital, virtual, permitiu que pessoas em qualquer parte do mundo possam ter acesso a programas de rádio produzidos em qualquer outra parte do mundo, o que significa que houve uma enorme expansão no público que as rádios já existentes poderiam ter. Isto diz-me que as rádios que não forem virtuais, exclusivamente ou não, têm os seus dias contados. Por outro lado, a rádio enquanto meio de comunicação floresce, pois há todo um mundo de pessoas interessadas em ouvir coisas diferentes e é perfeitamente possível ligar-se à internet para o poderem fazer.

Noto ainda que há radios internacionais que continuam a ser uma referência informativa. Por exemplo a RFI e a BBC World Service são ainda instituições informativas não obsoletas e relevantes nos dias de hoje, por terem um alcance global, potenciado não só, mas também, pelo meio virtual.