Olá mafr94

, talvez eu não me tenha explicado bem quanto aos dois pontos (dificuldade em aceitar a minha orientação e os sentimentos não correspondidos) até porque tentei tornar o meu desabafo algo bastante genérico para não ser maçador.
Em primeiro lugar, não tenho qualquer dúvida acerca de ser homossexual, sou-o e como disse nunca o coloquei sequer em causa. O que acontece é que tem vindo a ser complicado para mim aceitá-lo. Não sei como explicá-lo sem ser mal interpretada mas, por vezes, sinto-me mal por ser assim, entendes? É como se não fosse algo bom ou até digno, como se não tivesse tanto direito de amar alguém como os restantes
Muitas vezes os comentários e opiniões que ouço e leio dos outros (professores,colegas,amigos assim como escritores,etc...) fazem-me de algum modo condenar os meus sentimentos. Sei que ser Homossexual é algo absolutamente natural e tão aceitável como qualquer outra orientação, não é o facto de gostar de homens ou mulheres que põe em causa a moral de alguém,mas sim os seus actos e atitudes. No entanto, nem sempre me sinto de acordo com este raciocínio.
Por fim, quanto ao amor não correspondido posso-te dizer que o meu único desejo é que ela faça parte da minha vida. Faça como fazem os amigos, os familiares, também disse que sei que ela me vir a corresponder (independentemente da sua orientação) é praticamente impossível. Temos uma relação distante, falamos pouco, ela não me aceita porque (julga!) que sabe o que eu quero e eu sofro muito porque a pessoa que mais amo repudia-me desde que o "sabe" e eu nem sequer tive a oportunidade de lhe esclarecer os meus verdadeiros sentimentos.
Entendeu tudo errado, porque sou tímida e não só não me consegui explicar devidamente e da forma correcta (não o consegui fazer cara a cara, vê lá...) como agora não consigo tornar a falar do assunto. Tenho receio que fique zangada e que me impeça de tornar a vê-la. Também não lhe quero causar problemas, quero que esteja bem.
Por fim, quando disse que a amava falava de amor a sério, não de paixão que envolve sentimentos como o egoísmo e o mero desejo de possuir, enfim... a ambição de que tu falas... O amor é outra coisa, tem a ver com altruísmo, respeito, amizade, necessidade de dar o melhor de nós, de querer ao outro tão bem ou mais do que se quer a nós mesmos, tem também a ver com dar espaço a essa pessoa, pensar nela primeiro e apoiá-la de um modo incondicional.
Claro que não nego que lhe tenho apego (gosto de vê-la, saber como está, tê-la perto) e que estaria bem melhor se ela permitisse que tivéssemos uma relação próxima. Agora, se ela me disser que não quer de todo isso, que até não quer que nos vejamos mais, só me resta aceitá-lo… Talvez por isso, e não apenas por timidez e dificuldade em aceitar uma reacção mais dura dela, eu não fale, com medo de a perder totalmente…
E a verdade é que os anos vão-se somando e eu neste impasse, a consumir-me, até que um dia seja tarde demais… Não sei o que faça sinceramente… Se ponha o pouco que tenho em risco se mantenha tudo assim até não dar mais… O facto é que não aguento esta situação, esta indiferença dela, a distância, mas depois posso ter a total ausência…
Ela é muito importante para mim.