Antes estávamos no domínio do "produzir suficiente para alimentar". 
O que vocês me foram pôr aqui! Bem, tendo por
defeito a minha formação, vou comentar à luz dos meus conhecimentos esta frase que junta dois termos bastante utilizados na minha actividade: "produção" e "alimentar".
À época da criação da CEE, a Europa debatia-se com um grave problema de produção de bens essenciais, fundamentalmente os que provenientes das actividades primárias. A primeira política comunitária, a Política Agrícola Comum PAC, veio enfatizar a produção desenfreada de produtos agrícolas.
Resultado: excedentes, excedentes, excedentes, criando as célebres montanhas de pó branco dentro dos armazéns. E, para não haver abandono da produção agrícola, os Estados asseguravam a compra desses excedentes.
Só que enquanto esses excedentes eram comprados pelos Estados, enquanto os produtores viviam
bem e este nosso condomínio de luxo Europeu ia garantindo a compra da produção que ninguém consumia, uma grande parte do Mundo morria à fome. A pressão pública pressionava cada vez mais para que fosse criada uma solução para acabar com este grande paradoxo mundial.
Mais não só a coisa roçava já a indignação como estavam sendo feitos cada vez mais estudos sobre os impactos da superprodução no ecossistema. Maiores produções implicavam um maior uso de fertilizantes, um maior uso de combustíveis e um maior uso de pesticidas. Tudo com as gravosas consequências para o ambiente que hoje em dia já conhecemos. E para as finanças, já que os subsídios aos factores de produção existiam.
2003.
A chamada reforma intercalar da PAC, que no fundo nada mais foi do que uma reorganização completa da PAC, tendo em vista a adaptação da realidade Europeia a partir de 01 de Maio de 2004 com a adesão de mais 10 países para a UE (UE-15 para UE-25) reduziu substancialmente os apoios à produção-por-produção, para os aplicar numa agricultura multifuncional, prestadora de serviços. Serviços produtivos ao fim e ao cabo, serviços ambientais e serviços sociais.
Cada vez mais apoiante de uma agricultura para
produzir somente o essencial, evitando os excedentes que são caros sob todos os pontos de vista, a nova PAC apoia também uma agricultura cada vez mais diferenciada, moderna, integrada e social com vista à diversificação da economia no tecido rural.
Ora, nos dias de hoje não faz sentido pensarmos em abandonar o pensamento "produzir somente para alimentar". A sustentabilidade dos nossos recursos depende grandemente desta frase. Produzir para não se utilizar é o maior contra-senso de qualquer sistema económico.
Quanto às imagens, gosto de ambas. Ambas as actividades são respeitáveis, insubstituíveis e nas quais existem empresas capitalistas. Capitalistas no sentido de não serem familiares.
Se uma petroquímica é claramente um negócio, uma herdade vitícola com uma adega aberta a visitas (enoturismo) e a serviços de vinificação para terceiros, também é um negócio. Ambos empregam pessoas, ambas metem pão na casa de muita gente.