Há discriminação e não é pouca. E acontece porque não somos uma comunidade, no verdadeiro sentido de comunidade. Sei que não sou a única a senti-lo, mas como nem todos têm a mesma vontade ou coragem de se manifestar, faço-o eu, mais para dar a oportunidade de reflexão, do que por julgamento - pese embora, sinta alguma mágoa, vou tentar distanciar-me e ser mais "generalista" do que pessoal. Todos temos preconceitos. A diferença entre conseguirmos alcançar o sentido/o significado de comunidade está na vontade ou não de cada elemento da comunidade ser capaz de crescer e ir vencendo contra esses mesmos preconceitos. Ou podíamos, se calhar, deixar de "romantizar" acerca daquilo que somos e vermos cruamente o que realmente somos enquanto comunidade. Se calhar, começar por explicar que partilhamos várias orientações sexuais dentro do mesmo espectro, mas que isso não significa que tenhamos afinidade por todos os tipos de personalidade, etc. Lembro-me de um tópico por aqui acerca, até, de discriminação contra os bissexuais dentro da própria comunidade e só tenho a dizer aos que discriminam: cresçam. Querem ser aceites e não aceitam? É assim "lá fora" e é assim aqui. Não digam que vão acolher as pessoas, porque muitas das vezes não vão. Vão dizer-lhes "És bem vindo/a." porque o politicamente correcto assim o exige, mas muito do que se passa - felizmente não é, e ainda bem, com toda a gente nem em todos os núcleos/grupos, da rede ou fora dela, noutros grupos que existem - é que a pessoa até pode ser bem vinda pela orientação (quando o é, porque já vimos com o exemplo supra referido, que nem sempre a orientação é aceite), mas não é em muitas outras coisas, e então os núcleos deixam de o ser, deixam de ser uma comunidade para serem grupinhos dentro de grupinhos. Cada um faz as suas escolhas e cada um é livre de as fazer, mas não digam que vão acolher as pessoas se realmente não as vão acolher, porque isso deixa as pessoas pior do que antes: antes tinham o problema de não conhecerem muitas pessoas lgbt e de se sentirem desenquadradas, para depois ficarem com um problema maior que passa muito pela realidade de nem a orientação/sexualidade encaixar, nem a personalidade, nem os gostos, nem as formas de estar. As pessoas muitas das vezes já estão um caco, e saem desse tipo de "acolhimento" ainda pior do que estavam. Entram num "grupo", entram numa comunidade porque não são aceites por um motivo, mas acabam por não ser aceites por dois ou três. O que é que isso faz às pessoas? Já pensaram? Não, não somos uma comunidade. Não, não nos identificamos com toda a gente e é normal que não nos identifiquemos. Mas tolerância, aceitação? Seria o mínimo de uma comunidade.
Espero ter dado oportunidade de reflexão.