Olá FilipeVS,
Antes de mais, bem-vindo ao fórum da rede ex aequo.
Não tens de pedir desculpa por nada nem acho que haja alguma coisa de escandaloso no teu texto.
Devo, aliás, dizer-te que o que narras é muito familiar. Se fizeres uma rápida pesquisa pelo fórum, reparas que há imensas histórias semelhantes à tua. Rapazes e raparigas iguais a tantas outras que têm um segredo: são gays, lésbicas, bissexuais ou transgéneros.
Digo isto para que percebas que, apesar de difícil, nada do que és, sentes e pensas é uma condenação à infelicidade. Trata-se tão somente de um obstáculo que podes (e deves) ultrapassar.
Contas também que perdeste alguém que te era muito próximo. É-me difícil imaginar o sofrimento que deves estar a sentir. Todavia, pensa que o tempo que passaste com ele não te pode ser retirado. Não tira a dor, mas pode ser um consolo.
Apesar de referires a decisão de esconder esse "detalhe", as coisas não são assim tão simples. Primeiro, porque não é um detalhe. É uma parte muito significativa da tua personalidade. Encerra afectos, memórias, pensamentos e sentimentos. É algo que pesa muito. E ainda bem.
É certo que há um conjunto de mitos que pululam na cabeça das pessoas (se calhar, também na tua). No entanto, trata-se de tomares uma opção: viveres em função do medo ou vencê-lo em nome da tua felicidade. Não é fácil, mas é simples.
Não querendo fazer de psicólogo, mas arrogando-me a interpretar um pouco do que escreveste, ficaram-me algumas impressões do que escreveste. Primeiro, a de que terás feito um ponto de situação na tua vida: tens um segredo, tens medo, mas não queres ser infeliz. Em segundo lugar, quer parecer-me que queres "mudar de vida".
Como te disse, a decisão é tua. A associação e as pessoas que a compõem também estão cá para ajudar.

Sugiro que vás participando no fórum e vai dando uma vista de olhos aqui (
https://www.rea.pt/forum/index.php?board=20.0). Pode ser que sintas vontade de participar numa reunião. Com tempo e quando te sentires confortável.
E já que gostas de história do século XIX, cá vai: o Tolstói (autor de "Guerra e Paz" e "Anna Kareninna") terá visitado Proudhon, em Bruxelas, em 1861. Ia angustiado com as suas dúvidas, mas expô-las de forma sistematizada. Proudhon ter-lhe-á dito algo como "vieste até mim já sabendo o que queres fazer. Desejas apenas que te diga para fazê-lo".
Se este for também o teu caso, conta com a rede ex aequo. Podes sentir que tens muito a perder. Contudo, tens muito a ganhar e este é um espaço em que podes dar os primeiros passos com segurança.
Boa sorte, limpa as lágrimas e força!
João