A anti-sociabilidade faz parte disso. Uns estão porque querem, outros porque é assim, outros porque julgam mal o termo. A arte, claro está, numa brincadeira de palavras que me apontas e que assim é, será uma forma de o descrever. O belo? O prazer; a brincadeira? Ser;A característica? nós próprios.
Resposta simples: A antisociabilidade é um estado temporário, patológico ou provocado. A arte é, para mim, um todo pessoal da ordem do sentir e do fazer. Na componente humana, isso para mim é ser, portanto posso jogar com as coisas e dizer que é arte.
Desculpa, usei da ironia porque estou a ter o cabo dos trabalhos para descortinar os teus jogos de palavras. Prosseguindo. Explica melhor “molde natural do que somos” por favor. Ao contrário de ti, eu acho que a arte é um movimento estruturado, sim porque, como te disse e tenho mostrado, ela segue passos. Quando me refiro a arte, refiro-me a ciência, não sei se já percebeste isso. O outro significado de arte, para além deste, refere-se à actividade exclusivamente humana que pretende configurar as experiências de ordem sensível e estética por que passamos, sendo definida como todo o objecto físico e espiritual produzido por humanos e que traduz uma interpretação da realidade. Assim, o que tenho vindo a defender é que a antisociabilidade nem é ciência nem é arte, e tu próprio te contradizes ao afirmar que sim, a antisociabilidade é arte porque é uma fase, característica, patologia, necessidade, vontade.
O que consigo descortinar da tua brincadeira de palavras (ex.: “arte é um todo pessoal da ordem do sentir e do fazer”) é isto: que a antisociabilidade é arte porque joga com sentimentos humanos (e assim, tudo o que inclui sentimentos humanos, como o acto de amar, de ir à wc e de secar o cabelo, é arte). Diz-me se assim não for e, por favor, não incluas mais significados e sê directo. Já descreveste a arte enquanto brincadeira e busca do belo, eu volto a perguntar, pois não foste claro na conexão entre arte e antisociabilidade: como é que eu busco o belo pela antisociabilidade, porquê, e em que consiste ser antisocial (já agora)?
(O sapato é resultado da arte. A arte do fazer? A arte do sapateiro? Até da arte da beleza vestuária exigida por cada um no dia-a-dia? Arte.).
Passos e métodos pessoais, bem como técnicas do próprio ser e da sua experiência; o objectivo, estar bem (na eventualidade do isolamento do que o 'bem' significará para os outros e não para nós) e os benefícios obviamente o de ir d'encontro a si.
Dir-me-ás que discordas? Os verdadeiros anti-sociais talvez não o façam. Dir-me-ás que não é arte? Será para ti o que queiras, pois é precisamente isso que a define. Dir-me-ás que não tem fundamento e está a ser provocado? Todo o conhecimento o é.
O sapato é resultado da arte de fazer sapatos do sapateiro….sim. e o sapateiro faz sapatos porque aprendeu a fazê-los, usando técnicas, meios e conhecimentos específicos, com o intuito de calças as pessoas e de os vender. O pintor executa a arte da pintura, faz quadros e, para isso, estudou geometria e desenho e nas suas pinturas TRANSMITE-NOS a sua interpretação da realidade; o músico estudou composição e nas suas músicas transmite-nos alegria, tristeza, raiva, amor e, se incluir letras, também a sua interpretação de uma dada realidade. O antisocial estudou? Transmite-nos o quê? Tem o objectivo de? Eu estou a dar-te exemplos palpáveis, só quero o mesmo em troca, objectivamente e sem rodeios. Mais uma vez, em que consiste a arte do antisocial?
Enuncias um objectivo do individuo ao optar por uma conduta antisocial: estar bem. E esse indivíduo está bem? É feliz sendo antisocial? Vamos aqui decompor o vocábulo antisocial? O ser humano é um ser gregário. O que me podes dizer é que: ”ah! Eu, Francisco Jaquim Manel, quero inspiração e por isso vou tornar-me num eremita das estepes, sim! Vou afastar-me do mundo e procurar o que realmente sou! Virarei costas a todos e farei uma arte mais pura!” Claro que sim, o distanciamento pode ser muito frutuito, mas há que voltar à cidade para vender arte…porquê? Porque a arte tem um objectivo, é para ser mostrada! Mas pronto, assim, o Manel nunca disse que ia cumprir a arte do eremitismo (isso não existe!), o que ele disse é que se ia afastar para fazer arte, sei lá, sapatos inovadores. Isto é bem diferente de dizer: “Ah…eu, Ana Gertrudes vou tornar-me antisocial, adoro a antisociabilidade e quero mesmo fazer antisociabilidade” e depois eu pergunto: “porquê?” e a Ana Gertrudes responde: para fazer arte! Para fazer a arte da antisociabilidade! Ao que eu pergunto: “mas o que é isso, afinal?” e ela fica calada porque não sabe, ou então dá uma resposta tipo Pòlo: é a arte das coisas humanas infinitas, é a arte maior de todas!” que é o tipo de resposta que me andas a dar, Miau.
O que tu queres dizer é que através da antisociabilidade podemos fazer arte, correcto? Vês diferença nos exemplos que dei?
Sendo este o caso- fazer arte através da antisociabilidade- claro que podes, podes ser um antisocial que esculpe em madeira e que depois envia as esculturas por correio aos seus compradores, na boa, mas não deixas de ter um disturbio! Ou por seres um antisocial fazedor de esculturas (arte) deixas de ter um disturbio e passas a ser antes um artista da antisociabilidade?
“será para ti o que queiras, pois é isso precisamente o que a define”? creio que te referes à arte e se fosse só à arte não teria problemas de maior…mas estás também a referir-te à antisociabilidade- olha o ridiculo em que cai a tua afirmação: “a antisociabilidade será para ti o que queiras, pois é perfeitamente isso que a define”!!! então agora a antisociabilidade é o que EU quiser! Eu, Azula, posso curar a antisociabilidade com atarax porque, na realidade, a antisociabilidade é uma coisa qualquer, é uma constipação!
Explico, sim, procuro todas as respostas possíveis mesmo que nunca chegue à sua totalidade de tantas que são. A componente universal é também um conjunto de teorias, não as refuto e mesmo que o faça, primeiro tento considerá-las. Disse 'simplesmente dar uma designação mais própria a algo deva ser válido', avalia como bem entenderes.
Essas pessoas, a nível físico, talvez tenham distúrbios, pois ter calor e frio ao mesmo tempo está para ter e não ter alguma doença. O nosso físico é um todo também ele muito rico, mas cuja complexidade é limitadissima quanto ao nosso psicológico. Neste, há casos e casos. Uns em que poderá ser uma patologia, outros em que não. Chorar e rir? Pode ser um choque de emoções, qual o ser humano que não as tem, bem como rir até mais não poder e desatar a chorar em seguida poderá ser esse choque. É difícil dizer que o ser humano é equilibrado porque não alcançando certamente o topo da infelicidade e tal não ser irreversível, também não alcançará o termo oposto. Portanto é como que um vaivém de informações/emoções. O oposto emocional, psíquico, comportamental, pode ser uma mão cheia de situações e, de certo, que a tua área te explicará isso, mesmo nos limites que lhe advêm.
Bom, eu também acho que procuras todas as respostas possíveis, o teu problema é que incluis conceitos subjectivos, como se o conceito já não fosse a interpretação universalizada da nossa realidade, tu ainda lhe dás um cunho pessoal, e o teu discurso é assim, uma panóplia de interpretações e inconsistências! Eu estou a alertar-te para isso, Miau! Procura as respostas possíveis, mas articula-as, conjuga-as, não vás acrescentando coisas só por acrescentar…
Ter calor e ter frio ao mesmo tempo é impossível, o que pode acontecer é ter frio e subitamente ter calor (isto excluindo mudanças nas condições atmosféricas, obviamente, se estamos a falar duma patologia) e se é impossível, torna a tua afirmação de “a antisociabilidade pode ser doença ou vontade, necessidade,fase, caracteristica” ainda mais inválida, porque uma pessoa não pode estar saudável e estar doente ao mesmo tempo, se está doente, falta-lhe saúde, se é saudável, não tem doença. Se ser antisocial é ser doente, não é ser saudável, não é ter necessidade nem vontade, nem se está a passar por uma fase. O que me podes dizer, de facto é que, devido ao problema X, a pessoa sente a necessidade de fazer isto e aquilo, tem vontade disto e daquilo e passa por uma fase assim e assado. Percebes agora? Se quiseres explicar a relevância das ideias compreendidas entre “é difícil dizer” até “lhe advêm” para o assunto, eu agradecia, não vejo a pertinência.
Ganháste-me aqui e aqui admito o meu erro, a minha falha: as palavras. Perco-me nela como poucos farão. Mais, limito o meu pensamento duma forma abrupta de cada vez que o expresso. Facto que admito porque o sei real.
Respondendo, Uma definição psicológica é um risco. As origns de tal situação, a sua evolução e até a própria assimilação e relacionamento do eu para com esse facto podem ser de ordens variadíssimas. É esse o busílis no meio da complexidade do 'estar só' ou da anti-sociabilidade, nos vários patamares que esta confere.
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O oposto? Uma vez mais é um complemento, o tão dito agora 'q.b.'.
Não, Miau, eu não ganhei nada, não me deste nada, quanto muito, eu é que te dei a ti, mas já que mo permitiste, o teu problema não são as palavras, são as ideias, são os conceitos. Já te expliquei algures neste post o que critico no teu discurso.
Mais uma vez, não percebo a relevância do teu último parágrafo na clarificação da tua ideia de antisociabilidade enquanto arte, mas compreendo que me estás a dizer que qualquer avaliação psicológica é um risco por ser tão subjectiva, concordo com isso; concordo que Sincrano pode ser diagnosticado de antisocial e ser apenas tímido. O que eu não concordo é que exista a ARTE DE SER ANTISOCIAL.