Comunicado

Jovens LGBTI condenam censura em canal infanto-juvenil

1 janeiro 1970

Exmos/Exmas,

O canal televisivo BIGGS censurou, no passado dia 26 de novembro, uma cena de um beijo entre duas personagens do género feminino, na série de anime Sailor Moon. A rede ex aequo, enquanto associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, trans, intersexo e apoiantes, condena este ato de discriminação e pretende lutar para que este tipo de situações não continuem a existir.

A Dremia, produtora do canal, e o próprio Biggs, reagiram à situação individualmente nas redes sociais, admitindo que houve de facto essa exclusão e que a mesma se deve exclusivamente a "opções editoriais". O episódio em questão era o 29º da série da actual temporada em exibição no canal televisivo.

A rede ex aequo condena as opções editoriais de um canal infanto-juvenil dirigido a crianças entre os 8 e os 14 anos de idade que se guia pela invisibilidade de expressões afetivas não-normativas. No mesmo canal, são exibidos conteúdos relacionados com violência psicológica ou física sem que os mesmo sejam alvo desta atenção editorial. Por isso, percebemos que se trata de um ato discriminatório com base na orientação sexual e que esteve na origem da censura de uma cena onde duas raparigas se beijam.

A invisibilidade a que se sujeitam temáticas como orientação sexual, identidade ou expressão de género não normativas traduz-se na desvalorização social destas pessoas colocando-as numa situação de fragilidade e marginalidade social. É inaceitável que qualquer entidade colabore com este ciclo, sabendo que as consequências que daqui poderão advir são desastrosas para o normal desenvolvimento de qualquer jovem.

Salientamos a extrema importância da visibilidade das questões LGBTI, especialmente nos media, de forma a normalizar estes temas, informar devidamente a sociedade sobre os mesmos e eliminar preconceitos descabidos e sem fundamento que assombram muitos jovens no nosso país.

Em anexo poderão encontrar o vídeo que demonstra a clara diferença entre a versão original e a versão portuguesa censurada. A rede ex aequo está neste momento a apresentar uma queixa formal junto da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, para evitar que estas discriminações continuem a existir na televisão portuguesa.

Desde já agradecemos a atenção e contamos com o vosso contributo para condenar e denunciar este episódio.

Cumprimentos,

A Direção da rede ex aequo